Bertioga (SP): Futebol clandestino termina com acusação de racismo

Mais um ato intolerável de racismo em campo, dessa vez, em uma cidade da região da Baixada Santista, em Bertioga (SP). Por meio de um post no Facebook, o jogador relatou o acontecido e em contato com a nossa redação, deu detalhes de como o crime teria acontecido no meio da partida de futebol, na tarde de segunda-feira (5), às 16h30. “Se eu me calar diante do acontecido nosso mundo nunca vai mudar! Não que eu consiga mudar o mundo, mas minha parte irei fazer”, afirmou por meio de um post em sua rede social.

Cabe ressaltar que a cidade entrou ontem (5) na Fase Emergencial, em que partidas e aglomerações estão proibidas. A decisão foi tomada por todos os prefeitos da região durante um encontro do Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista).

“Teve um lance dentro da área que o namorado da acusada veio com a bola e deu um ‘drible da vaca’ em um jogador do nosso time e depois virou as costas e caiu no chão pedindo por falta ou pênalti. Então, a bola saiu, foi para o lado, e eu a chutei para cima dele. Eu disse que não tinha sido falta e nem pênalti. Foi quando a namorada desse jogador veio em campo, e ficou me xingando. Eu comentei que nem falaria com ela (pois, ela nem fazia parte do jogo). Nós já tínhamos organizado o time sobre a falta, quando ela saiu na lateral do campo e gritou mais alto ainda ‘vai seu macaco’”, explicou à redação.

O autor do boletim de ocorrência conta que, na hora, não soube o que fazer, pois, foi pego de surpresa com o que escutou. Porém, tempo depois, pensou que o melhor seria fazer um boletim de ocorrência na delegacia da cidade, pois, “racismo não é brincadeira e enquanto todos se calarem, nada irá mudar’, concluiu.

Diante da situação, praticamente todos os jogadores quiseram parar o jogo, porém, decidiram prosseguir e terminar a partida, mesmo com o incomodo que ficou no ar. Quando a competição acabou, o autor do boletim de ocorrência foi cumprimentar os jogadores do outro time e a moça veio para pedir desculpas. “Eu disse ‘já que você falou vai ter que responder por isso, todo mundo ouviu o que você disse. Até pessoas do time dela, que me conhecem desde pequeno, disseram que a atitude foi errada e que era melhor eu fazer um boletim de ocorrência”, comentou o homem.

“Ofendeu todo mundo, eu e as outras pessoas que quiseram parar de jogar por causa disso”, finalizou o jogador.

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O racismo no século XXI

Infelizmente, este não é o primeiro caso de racismo em campo neste ano e há casos recentes do crime no mundo do futebol. Na última segunda-feira (5), o elenco do Valencia voltou a protestar contra o ato racista ocorrido no jogo contra o Cadiz. O jogador Diakhaby disse ter sofrido ofensas durante a partida, e por conta disso, decidiu deixar o gramado, acompanhado por seus companheiros de equipe.

Em Santos (SP), Baixada Santista, o time emitiu uma nota oficialem fevereiro, repudiando os termos racistas usados por Haroldo de Souza, um dos narradores da Rádio Grenal. Haroldo pergunta ao repórter o nome do "crioulinho pela esquerda". Era Lucas Braga. Na sequência, chama de "cidadão de dor", "com todo o respeito".

Outro caso de racismo aconteceu há dois meses e envolveu um jogador do famoso clube de futebol, Chelsea, em que, o zagueiro inglês Reece James foi mais um alvo de racismo nas redes sociais. O jogador do Chelsea recebeu mensagens em sua conta pessoal no Instagram, nesta sexta-feira, e divulgou publicamente as ofensas. O clube se posicionou a favor do atleta.

“Em pleno século XXI sofri um ato de racismo, durante a partida e eu não vou aceitar racismo contra mim, principalmente onde eu nasci respeitado e cresci sendo respeitado pela minha cor. Então pessoal não se cale, vá atrás dos seus direitos sim, racismo não é brincadeira enquanto todos se calarem nada irá mudar”, concluiu o jogador.