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Bando de macacos-prego visita residências e “rouba” até meias em Bertioga (SP)

Mamíferos aparecem nas residências todas as manhãs e pegam tudo o que encontram pela frente. “Um dia desses roubaram a meia do meu pai que estava no varal”, relatou uma moradora

Lenildo Silva
Publicado em 07/07/2022, às 14h31 - Atualizado em 09/07/2022, às 04h15

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Bando de macaco-prego visita residências e “rouba” até meias em Bertioga (SP) Macaco-prego no litoral - Reprodução Marcela Santos
Bando de macaco-prego visita residências e “rouba” até meias em Bertioga (SP) Macaco-prego no litoral - Reprodução Marcela Santos

Um bando de macacos-prego (Sapajus nigritus) está dando o que falar em Bertioga, no litoral de São Paulo. Tudo porque os animais estão visitando as residências e “roubando” tudo o que vê pela frente, além de 'partir para cima' dos moradores.

A presença dos primatas na região não é novidade para os caiçaras, pois esta espécie vive na Mata Atlântica e pode ser vista com facilidade em áreas rurais da cidade, entretanto, a aparição desses macacos em áreas urbanas está dando um “trabalhão” para os moradores do bairro Indaiá.

Marcela Santos, de 28 anos, é moradora do bairro citado e contou, em entrevista ao Portal Costa Norte, que quase todas as manhãs os macacos aparecem nas residências e pegam tudo o que veem pela frente.

“Aqui em casa eles entram direto, um dia desses roubaram a meia do meu pai que estava no varal, além de tentarem entrar na cozinha. Quando não tem ninguém em casa eles fazem a maior bagunça no quintal à procura de comida, derrubam as roupas do varal, pegam frutas”, disse.

A reportagem teve acesso a uma sequência de vídeos gravados pela mãe de Marcela que mostram o exato momento em que o bando entra na casa e fica pendurado no varal. Enquanto gravava a ação dos macacos, o maior deles chega a partir para cima da moradora para tentar pegar o celular, em outro momento do vídeo ele chega a fazer “atos obscenos” para a câmera.

Veja o vídeo

Marcela conta ainda que nunca acionou o policiamento ambiental da cidade pois já virou rotina a aparição deles nas casas. “A gente não aciona [a Polícia Ambiental] porque geralmente a ação dos animais é muito rápida, eles entram, pegam o que tem que pegar, fuçam tudo e vão embora”, esclareceu.

As imagens dos mamíferos viralizaram nas redes sociais e geraram um debate entre os moradores quanto ao desmatamento desenfreado na região. “A conta do desmatamento tá chegando e quem paga são os animais. Uma coisa é certa, eu nunca vi tanto desmatamento em Bertioga igual esses últimos anos”, disse uma internauta.

De acordo com um dado oficial divulgado pelo instituto Chico Mendes (ICMBio), as principais ameaças identificadas para a espécie foram: incêndio, desmatamento, expansão urbana, aumento da matriz rodoviária, desconexão e redução de hábitat, caça e apanha, assentamentos rurais, agricultura, pecuária, predação por espécie exótica e hibridação.

Resgate

Casos de animais silvestres em áreas urbanas que ofereçam situação de risco podem contar com apoio do Batalhão de Policiamento Ambiental da Polícia Militar.

O pedido de recolhimento de animais e a denúncia de crimes ambientais podem ser feitas por meio dos telefones: (12) 3842-0123 no Litoral Norte ou nos telefones; (13) 3348-4774 e (13) 3853-5750 para quem está na Baixada Santista e Vale do Ribeira.

Curiosidades sobre os macacos-prego

O macaco-prego é um animal onívoro, ou seja, come de tudo, igual ao ser humano. Algumas espécies comem praticamente só plantas ou insetos, enquanto outras também se alimentam de frutas, ovos, sementes, caranguejos, sapos e até pequenos mamíferos, como ratos e camundongos.

Os primatas não são uma única espécie, mas sim pelo menos 12 tipos de macacos muito parecidos entre si. Por causa da semelhança, acabam sendo todos chamados pelo mesmo nome. Eles pesam entre 1,3 kg e 5 kg, e os maiores podem medir até 48 centímetros de comprimento (sem contar a cauda).

Eles se distribuem por quase toda a América do Sul. Há espécies de macaco-prego em regiões muito diferentes: úmidas, secas, frias, quentes, no litoral ou nas montanhas, na floresta ou na vegetação aberta.

Alguns tipos correm grave risco de extinção, outros são muito comuns nas regiões onde habitam. Hoje, o maior risco para os macacos-prego é o desmatamento, especialmente na Amazônia e na Mata Atlântica.

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