Aumento na tarifa do transporte público provoca insatisfação de usuários

Costa Norte
Publicado em 08/01/2016, às 11h50 - Atualizado em 23/08/2020, às 14h53

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Por Mayumi Kitamura

Quem utiliza o transporte público municipal, operado pela Viação Bertioga, passou a pagar mais caro pela tarifa desde quinta-feira, 7. O aumento de 9,67% reajustou o valor de R$ 3,10 para R$ 3,40, uma diferença que expôs a indignação dos usuários quanto à qualidade do serviço. Um problema destacado por todos os entrevistados é o tempo de espera no ponto de ônibus, que só piora no verão.

Moradora de Boraceia, a doméstica Francisca Ferreira conta que, geralmente, espera mais de uma hora para conseguir pegar um ônibus do Centro até a sua casa e, agora, com a temporada, chegou a aguardar por  até duas horas. Disse ela: “Às vezes, você vem para resolver uma coisa rápida e passa o dia porque não tem transporte para andar mais rápido. Além disso, os ônibus andam cheios e, nem sempre cabe todo mundo, muita gente sobra no ponto. É pouco ônibus e, na temporada, nem se fala, é terrível, não tem para onde correr”.

Por isso, a diarista Marinalva Pereira Silva Rodrigues acredita que a locomoção, por quaisquer outros meios, acaba sendo mais rápida do que por ônibus. “Bicicleta aqui é o transporte mais rápido que tem, ou, dependendo do lugar, até andando se torna mais rápido”. Ela acha também que a cobrança do mesmo valor de tarifa, independente da distância percorrida, já era inadequada antes, por isso ficou ainda mais inconformada com o reajuste.

Há quem tenha passado mal devido à longa espera por um ônibus debaixo de sol. É o caso de Maria de Lourdes Felix, de 63 anos. Aposentada por invalidez, ela reclama de Bertioga não seguir o mesmo exemplo de outras cidades, que oferecem gratuidade do transporte municipal, para pessoas com idade superior a 60 anos. Atualmente, cabe às administrações municipais determinar se a gratuidade é no mínimo 60 ou 65 anos. As viagens intermunicipais no estado têm isenção no pagamento para idosos acima de 60 anos.

A aposentada Lúcia Campos também questionou a qualidade do serviço oferecido na cidade e afirmou que, se fosse melhor, não reclamaria do aumento. Quando entrevistada, ela já estava há quase uma hora no ponto. “Não é culpa do motorista, mas é por não ter o número de ônibus suficiente. A população cresceu, na temporada triplica e continua o mesmo número de ônibus. E sábado e domingo fica ainda pior”. Ela também criticou a demora na construção dos terminais de transbordo que serão utilizadas no Sistema Integrado de Transporte (SIT), a ser implantado na cidade. “Essa história de transbordo já está transbordando a minha paciência. Há quanto tempo eu estou ouvindo dizer isso? Aqui [próximo à praça dos Emancipadores] será uma estação de transbordo. Cadê? Só tem aquela do Albatroz. A de Vista Linda nem começou, se demorar tanto quanto a rodoviária, só no próximo governo talvez”. Segundo divulgado pela prefeitura, o SIT está sendo implantado gradativamente e contará com cinco terminais de transbordo, nos bairros: Albatroz (já construída); Vista Linda (ao lado da rodoviária municipal); Centro; Riviera; e Boraceia.

Cobrança antiga

Na Câmara Municipal, tanto a qualidade do transporte público municipal quanto o valor da tarifa são questionados desde 2013, quando a vereadora Valéria Bento (PMDB) apresentou um requerimento no qual pede informações sobre a concessão do serviço. A solicitação foi apoiada pelos vereadores Edvaldo Alecrim Silva (PROS), Luiz Carlos Pacífico Junior (PROS) e José Feliciano Irmão (PTB).

De acordo com Valéria, na documentação entregue em resposta, composta por cinco volumes, ela pôde constatar o descumprimento de vários itens do contrato: “Por exemplo, não tem excelência, não tem qualidade, os itinerários não funcionam como deveriam, o povo não é consultado, teria que haver uma comissão, com a participação da sociedade civil, Finanças e Trânsito, para fiscalizar a Viação”.

A vereadora também questiona a falta de transparência da Viação Bertioga e destaca, entre os problemas, a falta de informação da data de fabricação dos veículos, já que eles possuem prazo para ser utilizados. Para ela, antes mesmo de qualquer aumento, a prefeitura deveria pesquisar, junto à população, a satisfação quanto ao serviço. “O povo mais uma vez vai enfiar a mão no bolso, pagar e ficar por isso mesmo? O que falta é fiscalização. Tem que ouvir o povo”.

Outro lado

A Viação Bertioga informou que o reajuste tem percentual abaixo da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) nos últimos doze meses, “e repõe o aumento de custos da empresa no mesmo período, como combustível (11,71%); dissídio coletivo da categoria (salário  11,15%);  e benefícios (plano de saúde, vale-refeição e vale-alimentação 12,56%)”.

Explicou, ainda, “que o planejamento operacional de cada linha leva em conta a demanda de passageiros para as diversas faixas horárias, além do tipo de dia – útil, sábado, domingo e feriado. Importante ressaltar que a programação horária estabelecida leva sempre em conta as condições normais de tráfego e operação”. Segundo a Viação Bertioga, caso ocorram anormalidades em função do trânsito da temporada, são adotadas ações imediatas para minimizar qualquer impacto no cumprimento da programação horária homologada.

Por sua vez, a prefeitura informou que fiscaliza a qualidade do transporte por meio do Setor de Fiscalização de Trânsito e Transporte e solicita que os denunciantes apresentem o número da linha, horário e dia, para apurar o ocorrido e tomar as providências cabíveis.

Para informações e dúvidas sobre o transporte público, a Viação Bertioga disponibiliza o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) pelo telefone 3344 3004, de segunda a sábado, das 7h às 19h, ou pelo site www.viacaobertioga.com.br. O usuário deve informar a linha, sentido, data e horário da ocorrência. À prefeitura, sugestões e reclamações podem ser feitas à Diretoria de Trânsito e Transporte pelo telefone 3319 9200.

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