CENSO DEMOGRÁFICO

IBGE na Baixada: crescimento e declínio populacional revelam mudanças econômicas

Novo Censo Demográfico mostra aumento geral da população na região, enquanto algumas cidades enfrentam declínio preocupante, diz economista

Lenildo Silva
Publicado em 29/06/2023, às 16h39 - Atualizado em 30/06/2023, às 08h50

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O ranking da região é liderado por Cubatão, que recebeu mais de R$ 61 milhões, 5,9% do total arrecadado com a atividade por todos os municípios do estado - Divulgação/PMC
O ranking da região é liderado por Cubatão, que recebeu mais de R$ 61 milhões, 5,9% do total arrecadado com a atividade por todos os municípios do estado - Divulgação/PMC

A região da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, tem sido palco de mudanças significativas em seu panorama demográfico. De acordo com os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quarta-feira (28), a população total da Baixada Santista é de 1.805.451 habitantes, representando um aumento de cerca de 8,5% em relação ao censo anterior realizado em 2010, que registrava 1.664.136 habitantes na região.

Entre as cidades da Baixada Santista, algumas se destacaram com um crescimento populacional expressivo, enquanto outras apresentaram uma queda preocupante.

Os dados revelam que as cidades de Bertioga, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe e Praia Grande foram as que registraram aumento em suas populações. Por outro lado, Santos, São Vicente, Cubatão e Guarujá apresentaram declínio no número de habitantes.

Santos mantém sua posição como a cidade mais populosa da região, com 418.608 habitantes, em 2010 era 419.388. Já Mongaguá é a cidade com a menor população, contando com 61.951 pessoas. O destaque fica por conta de Bertioga, que registrou o maior crescimento anual, com um aumento de 2,51% em sua população, alcançando um total de 64.188 habitantes.

Economia X População

Bertioga Imagem aérea da cidade de Bertioga com prédios, casas e praia (Divulgação/Prefeitura de Bertioga)

Para entender o significado desses números e suas implicações econômicas, o economista Luciano Simões foi entrevistado no programa Jornal Litoral, da TV Cultura Litoral. Segundo Simões, as mudanças demográficas têm reflexos diretos na economia da região, especialmente no que diz respeito à redistribuição de impostos.

Ele explica que, com a diminuição da população em determinados municípios nos últimos dez anos, é natural que haja uma redução na arrecadação de impostos destinados à União.

Isso ocorre porque a distribuição dos recursos é dimensionada de acordo com o valor demográfico de cada município. Por outro lado, os municípios que experimentaram um crescimento populacional receberão uma carga maior de impostos, refletindo o aumento de suas demandas.

O economista ressalta que essa mudança na demografia também afeta outras áreas, como a previdência social. Com um menor número de trabalhadores em relação ao aumento da população e o envelhecimento da população, o sistema previdenciário pode enfrentar desequilíbrios e necessitar de ajustes nos próximos anos.

O ranking da região é liderado por Cubatão, que recebeu mais de R$ 61 milhões, 5,9% do total arrecadado com a atividade por todos os municípios do estado (Divulgação/PMC)

Em relação às cidades específicas, Simões destaca a situação de Santos. Apesar de ter sofrido uma ligeira redução em sua população, a cidade conseguiu manter-se estável nos últimos anos devido ao seu contexto geográfico, que limita a expansão urbana. Além disso, mudanças no perfil socioeconômico da população, como a diminuição da taxa de natalidade, também contribuem para o cenário.

Por outro lado, a cidade de Praia Grande vem se destacando com um crescimento expressivo. Atualmente, ocupa a terceira posição em população na região e, nos próximos anos, é provável que ultrapasse Santos e se torne a segunda cidade mais populosa. 

Esse crescimento pode ser atribuído à busca por melhores condições de vida e custo mais acessível em comparação com outras cidades próximas, como Santos. A oferta de serviços, como educação, saúde e lazer, tem se adaptado a essa nova realidade, atraindo um público diversificado.

No entanto, nem todas as cidades da região participaram do crescimento. Cubatão, conhecida por ser um polo industrial, registrou uma queda populacional de 0,09% nos últimos anos.

Esse declínio pode ser atribuído à redução da capacidade de trabalho e geração de empregos nas grandes empresas locais, além da falta de perspectivas para os jovens que buscam oportunidades em outras regiões.

Litoral norte

O economista falou ainda que as cidades do litoral norte experimentaram um crescimento populacional expressivo, com um aumento de 22%. Esse crescimento pode ser explicado pela busca de oportunidades de trabalho e um custo de vida mais acessível, além do estabelecimento de condições mínimas de trabalho e educação nas localidades.

Praia lotada em Caraguatatuba Caraguatatuba (Imagem: Arquivo / Reprodução / Reginaldo Pupo)

“As transformações demográficas na Baixada Santista evidenciam as mudanças econômicas e sociais em andamento na região. O desafio agora é adaptar-se a essas novas realidades, planejar o desenvolvimento sustentável e garantir que as necessidades da população sejam atendidas, promovendo uma melhor qualidade de vida para todos os habitantes da região”, concluiu Simões.

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