Imagens das mobulas foram registradas pelo fotógrafo Rafael Mesquita, a cerca de 3km da costa, próximo à praia de Camburi, em São Sebastião
Lenildo Silva
Publicado em 23/05/2024, às 12h01 - Atualizado às 14h05
Duas mobulas (Mobula mobular) foram registradas no mar de São Sebastião, no litoral de São Paulo, interagindo com um cardume de peixes, perto da superfície e a cerca de 3km da costa. As imagens foram registradas pelo fotógrafo Rafael Mesquita, 38 anos, na altura da praia de Camburi e compartilhadas na segunda-feira (20). Os exemplares estão classificados como ameaçados de extinção, desde novembro de 2018, e foram flagrados pelo que o fotógrafo afirma ser um caso raro em nossa região.
Fotógrafo registra interações raras entre mobulas e peixes no litoral de SP
— Portal Costa Norte (@costanortenews) May 23, 2024
Imagens foram registradas pelo fotógrafo Rafael Mesquita, a cerca de 3 km da costa, próximo a praia de Camburi, em São Sebastião
📹: Reprodução/Instagram Rafael Mesquita pic.twitter.com/uYI80vdeKk
"Mais um vídeo de uma das semanas mais movimentadas que eu já vi no mar de São Sebastião. Juntamente com as jubartes juvenis, aquele cardume enorme de raias ticonha e o majestoso tubarão-baleia, encontrei algumas mobulas nadando tranquilamente perto da superfície", relatou Rafael em suas redes sociais.
Rafael cita o cardume de raias, quando mergulhava ao lado de uma baleia-jubarte, fato registrado no início deste mês, e um tubarão-baleia próximo à praia de Boiçucanga, também publicado pelo fotógrafo dias depois.
Em entrevista à reportagem, na quarta-feira (22), o fotógrafo da vida marinha explicou que as mobulas, embora parentes das raias-manta, não são tão comuns na literatura científica sobre a fauna marinha do litoral de São Paulo. Ele destacou a importância de documentar esses avistamentos, considerando que as mobulas estão ameaçadas de extinção e são frequentemente vítimas da pesca industrial e de atropelamentos por embarcações.
"Essas mobulas que filmei são filtradoras, alimentando-se de plâncton e pequenos peixes na coluna d'água. É difícil determinar se sua presença é comum na região devido à escassez de estudos específicos. No entanto, cada registro contribui para a ciência e a conservação", afirmou Rafael.
Questionado sobre o motivo de esses animais serem vistos tão próximos da costa, ele diz que tal comportamento pode se relacionar à busca por alimento ou a atividades reprodutivas. “Não temos uma resposta exata, pois ainda há muito a ser estudado sobre seus padrões de comportamento e migração no litoral brasileiro", disse Rafael.
Para o fotógrafo, as imagens estão longe de apenas decorar as redes sociais; ele acredita que a prática da ciência cidadã, na qual pessoas comuns contribuem com a pesquisa científica, tem sido uma ferramenta valiosa para a conservação da vida marinha. "Cada imagem, cada vídeo, cada registro, conta uma história e ajuda a construir o conhecimento científico sobre essas espécies. A ciência cidadã é uma forma poderosa de envolver mais pessoas na conservação e na produção acadêmica", concluiu.
O fotógrafo, que se autodenomina 'cientista cidadão', e dedica-se voluntariamente a projetos de pesquisa há vários anos, falou à reportagem enquanto estava no mar em uma nova expedição, próximo ao arquipélago de Ilhabela. Durante a expedição de ontem (22), ele contou que teve a sorte de ter encontrado outros animais marinhos. “Dei muita sorte, aqui em Ilhabela. A gente encontrou três jubartes, um tubarão-baleia, uma raia-manta e uma tartaruga-oliva, que é uma espécie difícil de avistar”, comentou.
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