Palco do povoamento

Apesar de perder a oportunidade de ser a primeira cidade do país, Bertioga teve grande destaque no período da colonização

Da Redação
Publicado em 27/01/2020, às 13h24 - Atualizado em 27/08/2020, às 09h33

- Arquivo JCN

Após três décadas da chegada de Pedro Álvares Cabral em solo brasileiro, em 1531, o primeiro governador do Brasil, Martin Afonso de Souza recolheu as velas de suas naus em frente às acolhedoras águas de “Buriquioca”. O fidalgo de D. João III retornava de longa viagem pelo Atlântico Sul e região do Rio Prata, com o propósito de colonizar o Brasil – terra cobiçada por espanhóis e franceses.

Segundo historiadores, Martin Afonso sentiu-se atraído pela beleza da região. Mas foi convencido por João Ramalho a deslocar suas naus para o sul, região de Tumiarú, onde fundou São Vicente, em 22 de janeiro de 1532. Antes de partir, no entanto, Martin Afonso mostrou-se prudente e homem de visão, ao deixar alguns homens encarregados da construção de uma guarnição no solo bertioguense, transformada, mais tarde, na primeira fortaleza do Brasil.

A partir de 1532, as terras vicentinas, que compreendiam desde Peruíbe até o Rio de Janeiro, foram sendo povoadas. Bertioga era o limite do povoamento do colonizador, pois além daquele ponto, o domínio das terras virgens pertencia aos índios canibais tamoios e tupinambás.

A posição geográfica de Bertioga a tornava ponto estratégico de defesa da região e da Vila de São Vicente, o que motivou os portugueses a fortificá-la. Assim, a pequena paliçada, construída por Diogo Braga e seus filhos, em 1547, foi elevada à categoria de forte, em 1557, para servir como ponto de defesa contra os ataques indígenas.

Por aqui passaram personagens ilustres que mudaram os rumos da história do país, como o famoso alemão Hans Staden, o português José Adorno e os padres Manoel da Nóbrega e José de Anchieta. Bertioga assistiu à saída de Estácio de Sá, em 27 de janeiro de 1565, rumo à fundação da cidade do Rio de Janeiro. Acompanhou de perto as lutas entre índios, portugueses e franceses, bem como o importante pacto de paz feito entre eles - O Armistício de Iperoig, que livrou as populações de Santos, São Vicente e São Paulo de Piratininga dos ataques das tribos de Coaquira, Aimberê, Cunhambebe e Pindobuçu, reunidas na Confederação dos Tamoios.

Hoje, o entorno do Forte São João foi valorizado com o Parque dos Tupiniquins, área verde entre a Praia da Enseada, região de vista privilegiada e um dos pontos mais visitados de Bertioga.

Armaduras, salas temáticas, quadros, artesanatos indígenas, estátuas e réplicas de objetos de época fazem parte do acervo histórico e ajudam a contar um pouco da saga vivida no século XVI.

O roteiro turístico "Conheça Nossa História" é uma oportunidade de vivenciar esses momentos da história do Brasil. O passeio começa no Forte São João, segue de escuna pelo Rio Itapanhaú e manguezais e termina com uma caminhada que leva às ruínas da Ermida de Santo Antônio do Guaibê, refúgio dos jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega.

Bertioga Bertioga-Especial 2008