Mais de 10 de golfinhos da espécie ‘pontoporia blainvillei’, popularmente conhecida como toninha, foram encontrados mortos no dia 23
Da redação
Publicado em 29/03/2023, às 21h29 - Atualizado em 30/03/2023, às 08h57
Uma necropsia realizada pelo Instituto Gremar, do projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), encontrou resíduos sólidos de lixo no conteúdo estomacal de duas toninhas, dos 12 golfinhos mortos na praia da Enseada, em Bertioga, no dia 23.
Segundo o instituto, um dos materiais era uma borracha de vedação de garrafas e os demais pequenos fragmentos de petrecho de pesca.
No dia 23, a equipe identificou um grupo de animais formado por quatro machos adultos e oito fêmeas (uma filhote, duas juvenis e cinco adultas). As carcaças foram recolhidas para análises mais detalhadas no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos, no Guarujá.
Todos os animais se encontravam ainda em estágio inicial do processo de decomposição, o que tornou possível a coleta de diversas amostras, já enviadas para laboratórios de análise, que trarão informações sobre possíveis doenças que possam ter causado os óbitos. Estes resultados serão divulgados em breve.
Mas, o instituto já pode antecipar, contudo, que durante a realização do exame para a coleta de material, a equipe também encontrou lesões no rosto dos animais, o que sugere captura acidental em redes de pesca, principal ameaça para a essa espécie. Além disso, todos os golfinhos apresentavam congestão e edema pulmonar, indicativo de afogamento.
A equipe também constatou que três das oito fêmeas encontradas estavam ‘prenhes’, com fetos ainda em estágio inicial de desenvolvimento. Uma delas estava em período de lactação, portanto, a possível mãe do filhote encontrado morto com o grupo.
De janeiro a dezembro de 2022, no trecho monitorado pelo Instituto Gremar nas praias de Bertioga, Guarujá, Santos e São Vicente, foram registrados 110 encalhes de golfinhos desta espécie, todos mortos, exceto um indivíduo que posteriormente também não resistiu.
Já neste ano, desde o dia 1º de janeiro, 53 toninhas encalharam no mesmo trecho, incluída a ocorrência do dia 23.
A toninha é uma das menores espécies de golfinho do mundo, ocorrendo apenas na América do Sul entre o Espírito Santo, no Brasil, e o Golfo San Matias, na Argentina. Além disso, está criticamente em perigo, segundo a Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, sendo considerada a mais ameaçada do Brasil entre os golfinhos.
As fêmeas têm apenas um filhote a cada um ou dois anos e a gestação dura aproximadamente 11 meses, o que é considerado um longo período quando se trata de recuperar as populações.
A luta pela conservação das toninhas envolve conhecimento e conscientização da população sobre os riscos que essa espécie de cetáceo está passando e de como sua possível extinção traria grandes prejuízos ao ecossistema marinho.
Também é essencial que prossigam as pesquisas para que as atividades antrópicas (realizadas por humanos) sejam cada vez mais devidamente ordenadas e regulamentadas.
É possível acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, pelos telefones 0800 642 3341 ou (13) 99711 4120.