Dançarinos mirins de Ubatuba são aprovados no balé do Bolshoi Brasil

Dois jovens talentos de Ubatuba, Leo Joaquim de Lima Ewald (9 anos) e Antonio Trindade (10 anos), realizaram o sonho de estudar ballet clássico na prestigiosa Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville, Santa Catarina, após passarem por rigorosas etapas de seleção e concorrer contra candidatos de todo o Brasil.

Leo começou sua jornada na dança por meio do jazz e do hip-hop. Apenas em 2022, ao frequentar a oficina de dança Fundart, ele conseguiu matricular-se nas aulas de balé clássico, onde recebe muito incentivo dos professores. De acordo com sua mãe, Vanuire De Lima-Ewald, a ideia de passar pela seleção surgiu do próprio dançarino, após uma aula sobre as melhores escolas do mundo e do país e desde então, ele batalhou muito para realizar esse sonho, junto a sua familia, com mãe e irmã também bailarinas.

O aluno já havia passado na seleção para a Escola de Dança de São Paulo, outra conceituada academia brasileira. Já morando em São Paulo, passou também na seletiva no Centro Olímpico de Treinamento em São Paulo, quando Leo interrompeu temporariamente as aulas de ballet, para estudar ginástica olímpica. Porém, o sonho de entrar na Bolshoi nunca acabou e a família ficou à espera da data de uma nova seletiva.

Antonio também traçou um caminho notável na dança. Como bolsista do projeto Sonhos Dançantes, promovido pela Experimental Dance Company, de Ubatuba, ele se destacou em uma audição rigorosa da escola, garantindo vaga nas aulas de jazz. O aluno já demonstrava amor pela dança desde muito cedo, no entanto, foi por meio do TikTok, durante o período pandêmico, que ele se encantou pelo balé clássico e começou a praticá-lo em casa.

Seu talento foi notado pela academia, que lhe ofereceu também, as aulas desta modalidade. Além disso, hoje ele também pratica hip-hop e sapateado. De acordo com Ivone Nascimento, mãe de Antonio, o apoio da academia de dança e sua própria determinação o motivaram a participar da seletiva do Bolshoi e consquistar seu lugar entre os bailarinos aprovados para estudar a dança clássica na renomada escola.

Ambos foram destaque em meio a um processo eliminatório cansativo e complexo de dois dias, com mais de 400 crianças, onde menos da metade eram meninos. A seletiva incluiu avaliações físicas, para analisar a aptidão corporal das crianças para aguentar a metodologia do Bolshoi, além de consultas com médicos, psicólogos e audições de técnicas artísticas.

Futuro

Antonio ressalta que sabe como vai ser difícil, mas que está eufórico com a oportunidade. Segundo ele, seus planos são se formar, crescer na dança e depois voltar à Ubatuba para abrir uma nova escola de dança. Ele brinca que quer ser parceiro da Brisa Diamante, diretora da Experimental, que lhe deu essa oportunidade.

Ele e sua família se mudarão para Joinville até o ano que vem. Ivone afirma que a decisão levou em consideração a pouca idade do menino e que talvez ele até possa desistir do seu sonho em algum momento, por não ter o amparo da família por perto.

Já Leo quer ganhar o mundo com sua dança e no presente, sua família ainda não está certa de que irá se mudar, por questões financeiras. Para isso, Vanuire está fazendo rifas e vaquinhas online para custear tanto os gastos que teve na seletiva, quanto para uma possível mudança, além buscar patrocínios.

“Existem algumas famílias lá que acolhem os alunos que não puderam se mudar com os pais, mas ainda estou tentando tudo possível”, pontuou a mãe. O contato com a família pode ser feito no Instagram. Ambos os bailarinos mirins vão começar as aulas no início do ano letivo de 2024.

Escola do Teatro Bolshoi no Brasil

A escola no Brasil foi fundada em 2000 e é a única filial do mundialmente famoso Teatro Bolshoi da Rússia. Ela contribui com a formação de artistas da dança, seguindo a técnica de balé da metodologia Vaganova, dança contemporânea e disciplinas complementares. A academia recebe alunos de diferentes estados brasileiros e também do exterior. As seletivas acontecem anualmente para que novos bailarinos tenham oportunidade.