DOCE MEL

Mel de abelhas sem ferrão torna Bertioga vencedora de prêmio estadual

Meliponário na Chácara Mogiana, em Boraceia, conquistou 1º e 3º lugares, no 3º Concurso de Méis de Abelhas Nativas, do estado de São Paulo

Rebeca Freitas
Publicado em 20/03/2024, às 13h21 - Atualizado às 13h50

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Meliponário é cuidado por integrantes da Associação da Chácara Mogiana - Rebeca Freitas
Meliponário é cuidado por integrantes da Associação da Chácara Mogiana - Rebeca Freitas

O projeto de meliponicultura, desenvolvido na Chácara Mogiana, pequena comunidade localizada em Boraceia, bairro no extremo norte de Bertioga, na divisa com São Sebastião, se destaca cada vez mais. O mel que produzem conquistou 1º e 3º lugares no 3º Concurso de Méis de Abelhas Nativas,  do estado de São Paulo, no início do mês. Os jurados destacaram a qualidade do mel, mais leve e claro. É possível sentir a influência floral da Mata Atlântica no sabor, além de um toque amendoado. 

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Concurso realizou-se no início de março, em Santos - Arquivo pessoal/ Jerlan Sampaio

Com 63 caixas de abelhas, localizadas em meio às exuberantes paisagens do Parque Estadual Restinga de Bertioga (Perb), o projeto contribui para a preservação do meio ambiente, além possibilitar geração de renda, conhecimento e pertencimento, para os moradores integrantes da Associação da Chácara Mogiana. O envolvimento e carinho que mnifestam com a iniciativa reflete no sabor excepcional do mel;  o cultivo é mérito de pessoas como Jerlan dos Santos Sampaio, conhecido como Axé, sua mulher Maria Aparecida, a Bia, e ainda Valmir Bracho, veterano há 42 anos em Boraceia. 

Caixas servem de moradia para abelhas e são reproduções de colmeias
Caixas abrigam as abelhas, que se reproduzem em colmeias - Rebeca Freitas

Eles se revezam com outros moradores do bairro, integrantes do projeto, no cuidado com as abelhas. As caixas são protegidas de infiltrações e um xarope é produzido para alimentar as abelhas no inverno, com todo carinho. “Quando anunciaram que a gente ganhou o prêmio, nem pude acreditar, ficamos muito felizes com essa conquista”, diz Jerlan. Por enquanto, a produção do meliponário de Boraceia não é comercializada, mas interessados em conhecer o local podem entrar em contato com Jerlan pelo telefone (13) 99707 1963. 

A abelha do mel premiado

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Abelhas sem ferrão são inofensivas a humanos - Rebeca Freitas

A espécie de abelha sem ferrão, responsável pela produção do mel premiado, é a uruçu amarela, também conhecida como bugia, cuja produção é de alta qualidade. Esta espécie, característica da Mata Atlântica, desempenha papel crucial na polinização de plantas silvestres na região. Os simpáticos insetos não causam riscos aos humanos, portanto, não é necessário utilizar roupa de proteção para se aproximar delas, como ocorre com as abelhas com ferrão presentes na apicultura. 

O mel da bugia fica armazenado em cápsulas, nas quais ocorre a fermentação, como explica o meliponicultor e sommelier de méis, Luciano Soares, que explica, também, as características de sua dulcificação. “Os atributos de um mel dependem da abelha que o faz, devido às enzimas do inseto. Além disso, o mel produzido pelas abelhas sem ferrão é de fermentação, pois tem mais umidade na sua composição. Então, ele tem a nota da florada, a nota da abelha, a nota da fermentação e o fator terroir [território em francês], que diz respeito a temperatura,  solo e as características vegetais do local”, diz o especialista, que acumula quase uma década de experiência no ramo.

Sobre o projeto

O meliponário em Boraceia foi implantado por meio do projeto Janelas do Perb, para apresentar alternativas de desenvolvimento sustentável às comunidades residentes do Perb, com foco na meliponicultura, turismo de base comunitária e produtos derivados da Mata Atlântica. A iniciativa é da Fundação Florestal, em parceria com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), com  apoio do Sesc Bertioga

Os moradores da Chácara Mogiana participaram de cursos de capacitação teórica e prática, para a criação de abelhas sem ferrão, conhecidas como ASF, nos quais aprenderam técnicas de manejo, qualidade e produtividade da ASF, bem como produção de mel e outros produtos derivados, como alimentos e artesanato.

Rebeca Freitas

Rebeca Freitas

Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)

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