Votação de processo para cassar Orlandini acaba em pizza

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Publicado em 30/03/2012, às 07h49 - Atualizado em 23/08/2020, às 13h37

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Por Lúcia Bakos

Uma pizza de mussarela servida aos ocupantes do plenário da Câmara Municipal de Bertioga foi o símbolo encontrado por alguns populares para antecipar o resultado da votação de processo para cassar o prefeito Mauro Orlandini (DEM), na noite desta terça-feira (27). O chefe do Executivo é acusado por indícios de irregularidades na contratação de empresa para reforma de escolas do município. O ato simbólico ocorreu às 21h40, 10 minutos antes dos próprios vereadores darem o veredicto: quatro deles foram contra a abertura de uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) para Orlandini, enquanto outros três mostraram-se favoráveis. A justificativa foi de que como não houve condenação judicial, não havia motivos para uma ação política. O Legislativo de Bertioga conta com nove vereadores ao todo. Nesse caso, no entanto, o presidente da Casa Marcelo Vilares (PTB) só necessitaria votar em caso de empate. A ausência na sessão foi do vereador Ney Lyra (PRP), que pediu novo afastamento de 10 dias, por “problemas de saúde”.

Pedido O pedido de abertura da Comissão partiu do então suplente Valdemar da Silva, o popular “Valdir Sem Teto” (PR), que faz parte da base de apoio do ex-prefeito Lairton Goulart (PR). Ele ocupou, até o último dia 13, a cadeira de Lyra, que esteve licenciado. A votação na Câmara começou semana passada (20), mas os trabalhos acabaram suspensos, após o vereador Renatinho (PT) solicitar que a documentação fosse melhor apreciada.

Votos Depois de mais de 2h de leitura das peças acusatórias e de defesa, às 21h50 vieram os quatro votos contrários à abertura da CEI, por parte dos vereadores Taciano Goulart (PRP), Vando da Silva (PTB), Toninho Rodrigues (DEM) e Pastor Clayton (PMN). Já Caio Matheus (PSDB), Renatinho (PT) e Alemão (PRP) foram os favoráveis a CEI. O prefeito Orlandini foi procurado pela reportagem para falar sobre o assunto, mas até esta sexta (30), não se pronunciou.

Vaquinha Para comprar a pizza servida no plenário, populares fizeram uma “vaquinha” do lado de fora da Câmara. Após o término da sessão, outras quatro pizzas ainda foram servidas aos presentes. A intenção final foi simbolizar, por intermédio do típico alimento italiano os quatro votos contrários dos vereadores para a formação da CEI.

Inquérito Um inquérito policial sobre o caso já foi instaurado na Delegacia Seccional de Santos. A decisão partiu da 15ª Câmara de Direito Criminal do TJ (Tribunal de Justiça) de SP, após conclusão de procedimento do MPE (Ministério Público Estadual), por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Santos. O órgão considerou que a contratação da Logic Engenharia e Construção Ltda., realizada pela prefeitura, em 2009, foi feita sem observar a lei de licitações. Também consta que pagamentos superfaturados teriam sido realizados à empresa pelo Poder Executivo. Além de Orlandini, a Logic também figura na ação.

Processos Ao todo, cinco processos administrativos relativos à reforma de escolas demonstram, de acordo com a decisão da Justiça, que a contratação da Logic foi realizada sem a devida licitação, ato homologado por Orlandini. Ao custo de R$ 3,76 milhões, todos os contratos ainda teriam sido pagos pela prefeitura, sem a comprovação dos serviços prestados.

Grupos Diferentemente da sessão anterior (20), nesta terça (27), havia um grupo bem menor de pessoas na Câmara, vestidos com camisetas com a frase “Deixa o homem trabalhar!”. Por outro lado, uma turma maior formada por coordenadores, diretores e professores de escolas municipais preencheu o plenário. Eles estampavam no peito um adesivo verde com os dizeres “Sou a Favor Aprovação Estatuto do Magistério”.

Silencioso Segundo uma das participantes, a intenção foi “fazer um manifesto silencioso” na Casa de Leis, mas também “prestar apoio ao prefeito Orlandini” contra a sua cassação. Secretários municipais, diretores e chefes de seção comissionados da atual Administração, mais uma vez, estiveram presentes e, ao invés de uma viatura da PM (Polícia Militar) foi um carro da GCM que ficou estacionado em frente à Câmara, até o término da sessão.

Votos contra a CEI: Pastor Clayton (PMN) Taciano Goulart (PRP) Toninho Rodrigues (DEM) Vando da Silva (PTB)

Votos a favor da CEI: Alemão (PRP) Caio Matheus (PSDB) Renatinho (PT)

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