Secretaria da Saúde de Bertioga dá sua versão sobre suposto erro médico


Costa Norte
Publicado em 11/02/2011, às 17h52 - Atualizado em 23/08/2020, às 13h06

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O secretário da Saúde de Bertioga, Manoel Prieto Alvarez, o Manolo, concedeu entrevista coletiva quinta-feira (09), no Paço, para dar a versão oficial da Administração acerca do suspeito erro médico, cometido no Hospital Municipal. O caso aconteceu no último dia 03, com o filho de 10 anos da auxiliar administrativa, Lucinéia Matias Castro, moradora de Vicente de Carvalho II. Ela afirma que a criança foi internada para operar um cisto na boca e, na verdade, passou por uma cirurgia de hérnia umbilical, que sequer sabia existir no menino. O cisto não foi retirado. A mãe registrou ocorrência na Delegacia contra a médica que efetuou a cirurgia e é lotada na Secretaria da Saúde da cidade. A Secretaria, por sua vez, garante que o menino foi internado para se submeter a uma cirurgia de hérnia, procedimento este que era de conhecimento da mãe. Quanto ao cisto, a pasta informa que tal procedimento não era urgente, por isso, não foi efetuado.

Análise Manolo afirmou que assim que tomou conhecimento do caso, pela Imprensa, solicitou a análise do processo de internação. “Todos os documentos demonstram que a mãe sempre acompanhou a criança e tinha conhecimento da cirurgia que seria realizada”, disse. Os documentos não foram apresentados à Imprensa. O secretário informou ainda que nem ele teria acesso ao prontuário do paciente, fato que deve ocorrer somente após a conclusão da sindicância instaurada. Segundo o secretário detalhou, em junho de 2010, a mãe esteve com o menino na UBS (Unidade Básica de Saúde) de Vicente de Carvalho II, com a queixa do cisto na parte interna do lábio inferior da criança. O médico da UBS fez um encaminhamento para uma cirurgiã pediátrica, no CEME (Centro de Especialidades Médica), mas ao examinar a criança foi descoberta a hérnia umbilical.

Patologia Também presente à coletiva, o diretor de Saúde de Bertioga, José Ricardo Wilmers, que é médico, explicou que a hérnia, em termos de qualidade de vida, pode trazer risco maior do que um cisto. “Trata-se de uma fraqueza dos campos musculares próximos ao umbigo que pode provocar o estrangulamento do intestino”. O médico disse que o alerta da patologia pode ser feito pelo paciente e, dependendo do caso pode surgir uma protuberância no local. Mas a mãe do garoto afirma que nunca nenhum médico, nem da UBS e nem do CEME, informou sobre a hérnia. “Nunca falaram da hérnia, não tinha nada no umbigo e meu filho não tinha dor. Ele só tinha o cisto no lábio”, reiterou Lucinéia, à reportagem do JCN (Jornal Costa Norte).

Cisto O secretário da Saúde afirmou também que a médica que examinou o menor no CEME considerou a hérnia mais grave e cuja cirurgia seria a mais urgente. Manolo disse que qualquer cisto na boca menor do que 3cm de diâmetro pode ser retirado por meio de cirurgia em consultório odontológico. “Já no caso da hérnia, é necessário centro cirúrgico e anestesia”, pontuou.

Documentos Sem apresentar qualquer documento referente ao processo de internação, o secretário informou que a mãe do menino assinou uma autorização para que ele se submetesse à cirurgia de hérnia. “Se assinei, estava ciente de que era para a retirada do nódulo da boca”, assegurou Lucinéia, que reforçou ao JCN que não tinha conhecimento da hérnia no umbigo do filho, que ele nunca se queixou de dor e não havia nada de anormal na barriga da criança. Ao ser questionada se era alfabetizada, ela informou que sabe ler e escrever, “um pouco”.

Hospital O diretor técnico do hospital, que é gerenciado pela FuABC, Ferruccio Fernandes, também esteve presente à coletiva e afirmou que não se pode afirmar que a criança entrou na unidade para fazer uma cirurgia e foi feita outra. “Existe o boletim de entrada, onde é descrita a cirurgia que será realizada e o responsável assina”. Segundo ele, o hospital abriu um procedimento para apuração do caso.

FuABC Em entrevista à rádio Praia FM – 106,6, nessa semana, o superintendente da FuABC, Jurandyr Teixeira das Neves, informou que a cirurgia foi marcada pelo Centro de Regulação como cirurgia de hérnia umbilical. “Foi feito o que foi marcado”. A FuABC ainda divulgou nota informando que “não houve troca de tipo de cirurgia, como a Imprensa vem anunciando. Troca seria fazer uma cirurgia desnecessária ou não indicada, o que não foi o caso.”

Sindicância Apesar de garantir que não foram encontradas irregularidades nos procedimentos realizados, o secretário da Saúde informou que o prefeito Mauro Orlandini solicitou a abertura de sindicância para apurar o caso. Manolo disse que a médica que realizou o procedimento é concursada pela prefeitura de Bertioga, desde 1996, e nunca houve qualquer queixa sobre o seu trabalho. Já Lucinéia informou que ainda não decidiu se irá abrir processo judicial contra a médica ou a prefeitura. “Ainda não sei o que vou fazer, mas não quero que aconteça a mesma coisa com outras pessoas”, considerou.

Conselho de Saúde Também consultado pelo JCN, o presidente do Conselho de Saúde de Bertioga, Ditimar Schimdt, informou que aguardará o final da sindicância para analisar os documentos. “Se houver dúvidas, após a análise, solicitaremos mais informações. Nossa função é acompanhar o trabalho dos órgãos públicos e solicitar medidas, caso necessário”.

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