Quarenta e cinco horas, ou seja, menos de dois dias. Foi o tempo que durou a liberdade do preso Wellington Francisco de Araújo, de 30 anos, detido novamente por policiais civis, em Bertioga, na tarde desta quarta-feira (20), em sua residência, no Jardim Rio da Praia. Ele fugiu do Fórum do município no dia do próprio julgamento, na segunda (18). O TJ-SP (Tribunal de Justiça) informou que, na ocasião do desaparecimento do detento, o juiz local, Rodrigo de Moura Jacob oficializou as polícias Civil e Militar para investigar se houve facilitação ou não de fuga. Acusado de cometer vários roubos na cidade, Wellington foi visto pulando o portão de grades do Fórum. Segundos antes, ele estaria acompanhado de um homem, não identificado. Essa foi a 1ª vez que um preso foge da sede do Judiciário de Bertioga. A captura De acordo com o delegado José Aparecido Cardia, informações – cujas fontes ele não pode revelar -, davam conta de que um veículo havia recolhido o fugitivo de um matagal. “A partir daí, nossos policiais exerceram vigilância em pontos possíveis onde ele poderia estar”, contou. Wellington chegou a viajar para Mogi das Cruzes, conforme disse o delegado, e retornou para Bertioga. “Foi quando os policiais lograram êxito em encontrá-lo em casa. Ele não ofereceu resistência à prisão”, contou Cardia, reforçando que se tratava de fugitivo, não sendo necessário, portanto, mandado de prisão. Após a captura, Wellington foi levado à presença do juiz de Bertioga para nova audiência. Ele confessou os roubos e, em seguida, foi encaminhado novamente para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Vicente, onde permanece à disposição da Justiça.
Facilitação Ao ser questionado se houve facilitação da fuga de Wellington, o delegado afirmou que, a princípio, não. “Só se averiguou que houve forte negligência por parte dos policiais militares que acompanhavam o preso, não se pode transferir isso para dolo ou vontade de agir contra as instituições e promover a fuga. Isso tem que ser visto com cautela”, afirmou.
A fuga Eram por volta das 16h30 de segunda (18), quando acontecia a audiência de Wellington. Além dele, outros dois detentos estavam no Fórum, todos vindos do CDP de São Vicente para julgamentos, escoltados por policiais militares e agentes penitenciários. Durante a audiência de instrução de Wellington, testemunhas chegaram a reconhecê-lo pelo crime de roubo, no entanto, devido a ausência de algumas delas, o juiz suspendeu temporariamente o julgamento, conforme contou o advogado de defesa do fugitivo, Clifton Thomaz Miranda. Wellington, então, teria sido levado para a cela do Fórum, onde, geralmente, o preso é trancado e tem as algemas retiradas. Mas quando o juiz solicitou o seu retorno ao julgamento, foi notada a ausência dele na cela.
Defesa “Nesse período que a audiência foi suspensa, o meu cliente, infelizmente, fugiu. Não posso explicar, porque foi daqui da carceragem do Fórum e o acesso é restrito. Eu, como advogado tenho acesso, mas na hora estava em outra audiência, na 2ª Vara. A informação que nós temos é que ele fugiu pelos fundos, onde os presos entram e saem”, afirmou. O advogado não soube informar se Wellington estava ou não com as algemas e assegurou que não aconselha nenhum de seus clientes a fugir, por conta da possibilidade de o juiz aplicar uma pena maior ao delito praticado. “Creio que não foi bom para ele ter fugido. Era réu primário, com bons antecedentes, foi uma infelicidade ter fugido”, completou.
Testemunha Populares que passavam próximo à entrada lateral do Fórum, que fica na Rua da Saudade, centro, contaram que viram Wellington sair ao pátio do local, acompanhado por um homem, não identificado. Em seguida, o preso teria se escondido no muro do lado de dentro do Fórum, pulado o portão de grades e fugido em direção à rua Pascoal Fernandes. “Estava passando pela rua e vi uma pessoa vestida com roupa de presidiário, com calça marron, moleton azul, meias e chinelos. Ele olhou para trás, andou um espaço, pulou a grade, saiu correndo e virou a esquina, para a direita. Foi tudo muito rápido”, afirmou uma testemunha que preferiu não ser identificada. “Ele saiu conversando com alguém, um homem”, completou.
Família Familiares de Wellington também acompanhavam o julgamento. Entre eles, estava o pai, o aposentado J.C.A., de 62 anos, que lamentou todo o ocorrido com o filho. Ele contou que foi informado da fuga no momento em que estava na entrada principal do Fórum, na avenida Anchieta. “Estava aqui fora, juntou um montão de polícia e me disseram que ele fugiu. Faço um apelo para ele se entregar, para a pena não ser máxima, não ser mais do que ele iria puxar. ”, disse.
Investigações Ainda no dia da fuga do preso, o delegado Cardia informou ter aberto inquérito para apurar os fatos. “Estamos investigando para verificar se houve participação de fora, que teria contribuído para a fuga”. Já o responsável pelos policiais militares da Cia. de Guarujá, o aspirante oficial PM, João Bosco dos Santos Júnior, afirmou que a corporação faria uma investigação interna. “Vamos fazer as investigações para saber realmente quem vai ser o culpado deste fato”, disse, na noite de segunda (18). A ocorrência foi registrada no DP de Bertioga.
Comentários