Enquanto se vislumbra todo o desenvolvimento econômico por conta das descobertas do pré-sal, na Bacia de Santos, região da Baixada Santista, o destino da vizinha Bertioga aponta caminho paralelo para o seu futuro. Também bastante vantajoso do ponto de vista financeiro, mas em especial, combinado as suas principais características: o meio ambiente. A expansão de um turismo focado na preservação natural, modalidade esta que não concentra visitação apenas em período de Verão, é o carro-chefe investido, nos últimos tempos. O melhor é que as iniciativas estão se originando de setores variados, que vão desde as esferas públicas estadual e municipal, a empresas e particulares. Com 78% de seus 483 km² de território inseridos em área verde, o município ganhou, em dezembro, a 1ª UC (Unidade de Conservação) de Proteção Integral de Restinga do Estado de SP. O mosaico, com mais de 9 mil hectares (cerca de 90 milhões de m²), foi denominado Parque Estadual Restinga de Bertioga e está situada entre Itaguaré, Guaratuba e São Lourenço, da orla ao sopé da serra. Faz divisa com o PESM (Parque Estadual da Serra do Mar) e exclui apenas espaços ocupados por rodovias federais ou estaduais, redes de alta tensão e dutos da Petrobras. Abriga dois tipos de unidades de conservação. São as RPPNs (Reservas Particulares de Proteção Natural), recém-aprovadas (a Hércules Florence 1 e 2, da Cia. Fazenda Acaraú, com 709,57 hectares; e a Costa Blanca, da Barma Empreendimentos, com 296,93 hectares), e o parque estadual, em si. Pulmão verde Um dos principais fatores que levaram o Governo do Estado a decretar a conservação desse ‘corredor biológico’ tem a ver com o fato de a área abrigar um dos ecossistemas mais ameaçados da Mata Atlântica paulista: a restinga. Estudos da FF (Fundação Florestal), órgão ligado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, comprovam que esse ‘pulmão verde’ contém 98% dos remanescentes da mata desse bioma na região paulista. Além disso, acolhe inúmeras espécies (vegetais e animais) ameaçadas de extinção. A proteção das sub-bacias dos rios Itaguaré e Guaratuba, e os sambaquis identificados – sinalizando ocupação por povos pescadores, coletores e caçadores, que podem remontar a cinco mil anos – foram outros fatores predominantes que chamaram a atenção. Assim, por constituir “um importante corredor biológico entre ambientes marinho-costeiros, a restinga e a Serra do Mar, formando um contínuo, a área foi reconhecida como de proteção fundamental para garantir a perpetuidade dos seus processos ecológicos e fluxos gênicos”, asseguram os estudos estaduais.
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