Por Lúcia Bakos
Consumo desse tipo de peixe é considerado impróprio, por conta de toxinas contidas em sua carneUm peixão! E olha que não é história de pescador. Foi o que caiu na rede de um, em Bertioga, na noite de quarta-feira (9). Trata-se de um exemplar do chamado peixe-lua, com peso entre 250 a 300 quilos e quase dois metros de comprimento. Apesar do tamanho, é apenas um filhote. A espécie, nada comum na costa, apareceu numa rede de pesca lançada ao mar, próximo à ilha Montão do Trigo, entre os municípios de Bertioga e São Sebastião. O pescador Manoel Raimundo Valentim, 59 anos, morador de Boraceia, contou que, ao ir buscar o seu sustento, já no final do dia, percebeu “o tamanhão do peixe”, entre outras espécies capturadas na rede. Como estava acompanhado de um colega, voltou, logo no início da manhã seguinte, acompanhado de mais cinco, que o ajudaram a transferir o peixe para o barco. “Quando voltei pela manhã, ele já estava morto, na rede. Pesa quase 300 quilos, foi uma luta colocá-lo no barco”, contou Raimundo, por telefone. Brincando ser pescador desde o dia em que nasceu, ele disse pescar sempre no mesmo local, mas nunca ter capturado espécie semelhante. “Nunca vi peixe desse tipo não. A pele é dura e a carne parece ser bem gordurosa”.
Pouco habitual O peixe-lua tem o nome científico de Mola mola e é da família Molidae. Distingue-se pela forma circular do corpo, pouco habitual nos peixes. Quando adulto, pode pesar até mais de duas toneladas (2 mil kg) e chegar a três metros. Com o couro bem similar ao do cação, o seu consumo é considerado impróprio, por conta de toxinas contidas em sua carne. O peixe é, geralmente, um viveiro de parasitas. Por isso, a espécie também não tem valor comercial. O técnico oceanógrafo com especialização em meio ambiente e diretor de Operações Ambientais de Bertioga, Bolívar Barbanti explicou tratar-se de um filhote. O peixe-lua, segundo ele, pode ser encontrado por todo o litoral paulista. Na região, é bastante comum próximo à Laje de Santos e na Costa dos Alcatrazes, um pouco mais à frente onde esse, em especial, foi encontrado. “Essa espécie ocorre fora da costa, não tem agilidade e, pelo tipo de nadadeira, dorsal e lateral, vive ao sabor da maré, ou seja, deixa-se levar pela corrente da maré, tanto que é chamado de nanoplancton”. Barbanti afirmou ainda que a espécie não serve para consumo e também não tem valor comercial. “É o que costumamos chamar de pesca acidental, não serve para o consumo”, completou. O pescador Raimundo contou que o peixe-lua já tinha sido até dado. “Dei de presente para um amigo, um pedreiro que come de tudo e disse que iria comê-lo”.
Comentários