MP pede providências contra venda irregular de terrenos no bairro Chácaras

Costa Norte
Publicado em 24/02/2014, às 06h47 - Atualizado em 23/08/2020, às 14h14

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Por Mayumi Kitamura

Alguns terrenos vendidos encontram-se em área do Perb

Denúncias feitas ao Sistema Costa Norte de Comunicação dão conta de que muitos terrenos estão sendo comercializados em áreas de preservação, no bairro Chácaras. Alguns, inclusive, encontram-se dentro do Parque Estadual Restinga Bertioga (Perb). O Ministério Público, que já fora acionado pela prefeitura de Bertioga, em abril de 2013, informou, na quinta-feira, 20, que a investigação da promotoria está em fase inicial. Muito além da questão ambiental, estão as famílias que foram enganadas e pagaram por estes pedaços de terra, e vivem em situação precária. Isto acontece porque, por se tratar de área de preservação, não é permitido que estes moradores façam qualquer modificação na estrutura de suas casas, feitas de madeira. Por terrenos de 500 m², as famílias pagaram, em média, R$ 10 mil, e adquiriram muita dor de cabeça. “Com dois meses morando aqui, veio uma chuva que nos deixou com água até a cintura. Eu fiquei desesperado porque não tinha solução. O dinheiro que tinha já estava comprometido porque tinha comprado fiado no cartão o material do barraco”, lamentou o ajudante de zelador Luiz de Moura, que comprou, em 2009, um dos lotes irregulares da rua São Gonçalo, no bairro Chácaras. Ele e sua mulher Daniela Souza Santos precisavam sair do aluguel, cada vez mais caro, e viram neste terreno a solução para seus problemas. Luzenilda Sena dos Santos, catadora de latinhas, também comprou um terreno na mesma rua e passa por problemas semelhantes. Ela conta que, quando chove, além das cobras que aparecem no local, o risco da queda de uma árvore a obriga a ficar do lado de fora com suas filhas, debaixo de chuva. “E estou nessa vida aqui, pela desgraça de Deus, como meus vizinhos. Se eu encontrasse o homem que me vendeu o terreno, eu perguntaria por que ele me vendeu, sabendo que era ilegal. Ele enganou e colocou tanto eu quanto as minhas filhas em risco”. Nesta rua, vivem outras famílias na mesma situação, e os casos de estelionato estão sendo investigados. A secretária de Meio Ambiente de Bertioga, Marisa Roitman, explicou que é de responsabilidade da prefeitura a fiscalização da supressão de vegetação. “Se estão sendo comercializados lotes, se estão fazendo qualquer outro tipo de degradação, esta competência é compartilhada pelo município, pelo estado e pela união. O que compete à Secretaria de Meio Ambiente é autuar por supressão irregular de vegetação”, afirmou. Ela informou também que são realizadas reuniões frequentes com o MP, com o gestor do Parque Estadual Restinga de Bertioga e com o delegado do município, a fim de minimizar e coibir estes problemas, além de apurar a responsabilidade sobre os possíveis parcelamentos irregulares de solo. No caso do estelionato, a secretária lembra que é caso de polícia, por se tratar de um crime que não cabe às atribuições da prefeitura. Em uma das documentações irregulares referentes à venda de lotes, há nomes de servidores públicos. Em resposta, a prefeitura informou que, “se nesta apuração houver comprovação de envolvimento de servidores públicos, será aberto processo disciplinar para a devida punição”. O Ministério Público revelou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a “Promotoria de Justiça de Bertioga instaurou recentemente um procedimento a partir de representação protocolada na Promotoria a respeito de ‘grilagem de terra’”, e que a investigação está na fase inicial. Na quinta-feira, 20, o promotor Diogo Pacini de Medeiros e Albuquerque informou que, “nesta semana, o Ministério Público de Bertioga deverá expedir os ofícios aos órgãos competentes. O prazo inicial para envio de respostas será de 30 dias”.

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