Moradora de área de mangue questiona CDHU sobre habitação popular

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Publicado em 17/10/2014, às 16h46 - Atualizado em 23/08/2020, às 14h26

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CDHU informou que Marta José Francisco entrará na fase de 2015

Por Mayumi Kitamura

Moradora da área de mangue do Jardim Vicente de Carvalho há quase 20 anos, Marta José Francisco está apreensiva com a falta de informações e a demora em ser contemplada com uma das casas do programa Minha Casa Minha Vida, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do estado de São Paulo (CDHU). A idosa mora sozinha em uma casa com móveis sustentados com pedaços de madeira e entulhos de construção, isso porque, dependendo da cheia da maré, sua casa é invadida com a água do mangue e do esgoto não tratado. A paranaense sobrevive na cidade por meio da renda obtida com seus trabalhos de costura, crochê e sabão caseiro. Ela conta que, se tivesse condições, procuraria outro lugar para morar, mas, devido sua renda, depende do programa de habitação popular, por isso questiona a empresa. “Quando chego na CDHU, as meninas falam que não sabem, que não têm previsão para quando. A maioria [da próxima liberação de moradias] vai ser para essas famílias que pagam aluguel, onde vão abrir rua, mas tem casas aí que não vão abrir rua e já estão morando nas casinhas, gente que não precisa. Enquanto isso nós estamos no mangue. Aqui, as crianças e idosos têm que conviver com ratos e cobras”. Conforme divulgado anteriormente pela CDHU, a prioridade do projeto das moradias do programa Minha Casa Minha Vida, no Jardim Vicente de Carvalho, é para famílias habitantes de áreas de risco, como mangue, ou que moram em local demolido para a construção do empreendimento. Enquanto isso, na rua 1, Marta pede um posicionamento sobre a sua situação – e de outros moradores da área: “Eu estou sofrendo aqui, e eu moro sozinha; o que eu quero é uma solução e sair daqui, seja para onde for, porque eu não tenho condições”. Procurada pela reportagem, a CDHU informou, via e-mail, que “o projeto é realizado por etapas e envolvem a remoção e o reassentamento de famílias residentes em áreas de mangues e frentes de obras. A CDHU não utiliza o sistema de lista de espera. As famílias são transferidas gradativamente para as novas moradias conforme a execução e as necessidades de cada fase”. Ainda neste mês, conforme informado, deverão ser entregues 40 casas. A dona Marta, no entanto, deve ser incluída na próxima fase, com 106 unidades previstas para 2015. O projeto das unidades habitacionais do Jardim Vicente de Carvalho executado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), é um dos maiores da Baixada Santista. O investimento, de aproximadamente R$ 69 milhões, está sendo realizado com verba do governo federal, por meio do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). O projeto de urbanização prevê, entre outros serviços, a construção de 400 unidades habitacionais, a reforma de outras 172, drenagem, pavimentação, ligação de água, estação elevatória de esgoto, além da implantação de infraestrutura e urbanismo para 1.253 unidades habitacionais. Desde dezembro do ano passado, foram entregues 108 casas.

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