Instituto Pólis apresenta diagnóstico para o ‘Litoral Sustentável’

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Publicado em 03/08/2012, às 14h29 - Atualizado em 23/08/2020, às 13h46

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Apresentação do projeto aconteceu no Hotel 27, no centro

Por Eliana Cirqueira

O turismo sustentável como atividade permanente e capaz de promover a inclusão social e o desenvolvimento local. Essa é uma das perspectivas para Bertioga, apontada pelo diagnóstico urbano socioambiental do município, apresentada por técnicos do Instituto Pólis, na noite de segunda-feira (30), no Hotel 27, centro da cidade. O relatório faz parte do projeto ‘Litoral Sustentável – Desenvolvimento com Inclusão Social’, que conta com parceria da Petrobras.

O levantamento foi realizado em 13 cidades da Baixada Santista e do Litoral Norte. “A finalidade é construir um Programa Regional de Desenvolvimento Sustentável para o Litoral de São Paulo, em razão das transformações na região, por causa dos projetos e investimentos que estão ocorrendo, como a exploração do pré-sal e a ampliação dos portos, tanto no de São Sebastião, quanto no de Santos”, explicou Nelson Saulo Júnior, coordenador do instituto.

De acordo com o estudo, o diagnóstico combina uma leitura comunitária e uma leitura técnica da realidade de Bertioga. “Na comunitária procuramos perceber a avaliação dos moradores sobre os processos de transformação em curso no Litoral, suas perspectivas sobre o desenvolvimento da cidade e expectativas quanto ao futuro”, apontou o levantamento.

Já a leitura técnica levou em consideração os dados da economia de Bertioga, suas “fragilidades e potencialidades, a análise urbanística e jurídica do processo de ocupação do território e de suas contradições”.

Perspectivas

O diagnóstico apresentado destacou três tipos de projetos para o futuro de Bertioga, baseados na leitura comunitária: a do modelo atual, baseado no turismo de veraneio; a de integração do município com o pólo pré-sal e o projeto direcionado para o turismo sustentável e não sazonal.

Segundo o levantamento, a terceira opção, “expressa por um grande número de setores da sociedade, aposta no turismo sustentável como atividade permanente e capaz de promover inclusão social e o desenvolvimento local”. Esse modelo está voltado ao ecoturismo, considerando a pesca, a exploração dos potenciais da cultura local e na qualificação profissional. “No entanto, é consensual que a cidade ainda não tem bases adequadas para um turismo sustentável e inclusivo”, revela o estudo.

Comunidade

“Eles querem que Bertioga defina sua vocação, por exemplo, com turismo sustentável, mas com a participação da comunidade. Além disso, [a comunidade] acha que falta opção de geração de emprego mais valorizado, e que o bertioguense está muito [concentrado] naquele trabalho dentro dos condomínios e nas administrações: o pedreiro, a faxineira. Eles querem estar participando com mais capacitação, mais qualidade, com melhores condições de vida”, afirmou a urbanista Paula Lima, responsável pelo estudo comunitário.   Sequência Após a apresentação dos diagnósticos das 13 cidades do Litoral, que será publicado no site www.litoralsustentavel.org.br , o objetivo do Pólis é “aprofundar a discussão de pontos específicos, visando à construção de um programa de desenvolvimento sustentável para a região”.  

Quadros:

PIB triplicado em 10 anos

A análise realizada pelo Instituto Pólis apontou que, na última década, Bertioga mais que triplicou o seu PIB (Produto Interno Bruto), que é o total da riquezas geradas no município. Em 2000, a cidade contava com R$ 215 milhões, conforme dados do IBGE, e passou para R$ 670 milhões, em 2009.  Entretanto, a renda per capita, de R$ 15.056,00 ainda é menor que a média estadual, de R$ 26.202,00 e, a nacional, de R$ 15.900,00.

Informalidade ainda é grande

O levantamento também aponta que Bertioga apresenta uma situação contraditória: taxa de desocupação profissional baixa, mas com grande índice de informalidade. Com PEA (População Economicamente Ativa) de 25 mil pessoas, Bertioga tem taxa de desocupação de 7,5% (indicativo menor entre as cidades da Baixada, do Estado e a média nacional), mas, a taxa de informalidade corresponde a 47% deste total, percentual superior aos apresentados na região, Estado e no país.

Veraneio é maior do que moradias fixas

Em Bertioga, 62,18% das casas são domicílios de uso ocasional, segundo dados do IBGE 2010. O diagnóstico aponta que “ao longo dos anos, a expansão urbana ocorreu de forma fragmentada no território, com a construção de condomínios fechados de alto padrão e, mais recentemente, com os empreendimentos verticais”. Para 2010, a população flutuante de Bertioga era calculada em quase 81 mil pessoas, sendo a de moradores de pouco mais de 47 mil, no mesmo período.

Crescimento com desigualdades

Outra característica presente no modelo de urbanização diz respeito ao padrão de desigualdade. A avaliação aponta que, de maneira geral, “as áreas urbanas junto à orla marítima, onde predominam as moradias de alta renda, ociosas na maior parte do ano, contam com melhor oferta de infraestrutura e de serviços, em comparação com aquelas localizadas entre a rodovia SP-55 e a Serra do Mar, onde está boa parte das moradias de residentes fixos de Bertioga.”

“A cidade tem uma forma de ocupação do território que cada vez mais está acentuada para áreas que não são as que deveriam ser destinadas a esse fim. Principalmente as que estão no campo da preservação ambiental, uma vez que 80% do território de Bertioga tem um conjunto de extensões de proteção ambiental. Esse é um dos aspectos que nós vamos verificar, como Bertioga pode crescer e de que maneira”, apontou Saulo Júnior.

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