Incidência de moradores de rua incomoda a comunidade bertioguense

Costa Norte
Publicado em 10/02/2012, às 18h40 - Atualizado em 23/08/2020, às 13h34

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Por Ana Cláudia Gomes

“Vou mudar de casa por causa dos moradores de rua que se instalaram ao lado da que vivo hoje”. O comentário desanimado é do comerciante de Bertioga, Paulo Gaspar, que mora na Vila Itapanhaú. Ao lado de sua casa, um grupo de moradores de rua se instalou, com algumas cadeiras e mesas e até um pequeno fogão, e convivem com os proprietários das casas, de acordo com o comerciante. “Não tenho raiva deles, mas é difícil conviver com pessoas que levam a vida de maneira diferente da nossa”. Gaspar é proprietário de um box no mercado de pescados, no centro, e reclama da postura de alguns desses grupos, que, para conseguir dinheiro, atuam como “flanelinhas”. “Os clientes, muitas vezes, deixam de estacionar em frente ao comércio, com medo da extorsão”, comentou o comerciante, referindo-se à típica cobrança feita pelos moradores de rua. Para ele, a solução do problema deve passar por atendimento profissional. “Faço amizade com eles, mas muitos precisam de atendimento de psicólogo. A prefeitura deveria fazer alguma coisa”. Esta semana, a reportagem do JCN (Jornal Costa Norte) circulou pela cidade e flagrou diversos grupos com características de moradores de rua, alguns compostos por duas e até 11 pessoas, entre homens e mulheres.

Força Tarefa Em julho do ano passado, a prefeitura, por meio das Secretarias de Ação Social e da Saúde, com apoio da GCM (Guarda Civil Municipal) e PM (Polícia Militar) realizou uma ‘Força Tarefa’, com o objetivo de recambiar moradores de rua. Uma nova ação está prevista para ocorrer antes do Carnaval. Segundo o secretário de Ação Social, Dinarte Sevilhano, a última ‘Força Tarefa’ aconteceu no final de janeiro deste ano. Entretanto, o Albergue Municipal, equipamento que dá apoio à ação, estava superlotado. “Tivemos que recambiar algumas pessoas e esse trabalho é demorado”. Ainda segundo Sevilhano, a ‘Força Tarefa’ só pode ser realizada com apoio da GCM e da PM. “A PM faz a abordagem inicial, para garantir a segurança dos demais profissionais. Por isso, é uma ação que deve ser programada com antecedência”.

Pesquisa Ele explica que a Secretaria faz um trabalho de pesquisa com os moradores para saber de onde vêem, se têm família ou são provenientes de algum equipamento social em outro município. “Somente depois de entrar em contato com a família ou alguém que queira abrigar é que encaminhamos esse morador para seu município de origem”, afirmou o secretário. Na última ação, foram encaminhados 2 moradores de rua para Suzano, 2 para Mogi das Cruzes e 2 para Guarujá.

Guarda Municipal A atuação da GCM, nos casos de mendicância, por força de legislação, é limitada. Segundo o comandante da corporação, Giovani Amaral, somente quando há infração, a GCM pode atuar. “Em casos de perturbação de sossego, utilização indevida de próprios municipais ou patrimônio público”, explicou, reforçando que muitas vezes, os moradores de rua se recusam a ir para o Albergue. Como exemplo, Amaral citou o flagrante realizado nesta quinta-feira (09), quando um cidadão acionou a Guarda, em virtude do roubo de uma bicicleta. “Fizemos buscas nas imediações e encontramos a bicicleta com um morador de rua, que foi encaminhado para a Delegacia. Neste caso, houve uma infração e pudemos atuar”.

Polícia Militar Segundo o comandante da 3ª Cia do 21º BPM/I (Batalhão de PM do Interior), capitão Renato Fincatti, a PM também deve atuar de forma moderada. “Não podemos simplesmente pegar o morador de rua aqui e levar para sua cidade de origem. Isso é crime. Temos que agir dentro da lei”, ponderou. Sobre o trabalho da PM na ‘Força Tarefa’, Fincatti reforçou que se trata de uma forma de prevenção, uma vez que ao abordar o morador de rua é realizada pesquisa criminal, no próprio tablet da viatura. “Além disso, com a presença da PM, os moradores de rua são mais amenos e evitam o confronto, o que facilita o trabalho da Ação Social e da Saúde”.

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