A preocupação com a questão ambiental e suas relações com a economia surgiu ainda na década de 1950. Hoje, as dimensões econômicas, sociais e ambientais são consideradas a única base possível para o desenvolvimento sustentável. Nesse campo, as certificações de sustentabilidade ainda são muito incipientes, não só no Brasil, como em vários outros países. Apesar de estarem avançando em ritmo acelerado, existem várias dificuldades que ainda precisam ser superadas. O segmento da construção civil é responsável por até 40% das emissões globais de CO2 e no Brasil responde pelo consumo de 21% da água tratada, 42% da energia gerada e cerca de 60% dos resíduos produzidos. Embora a consciência sobre a necessidade de um desenvolvimento sustentável ainda não esteja plenamente difundida, houve uma rápida mudança cultural no mercado e hoje existe significativa demanda por produtos e serviços de menor impacto ambiental. “Entre nossos clientes temos apenas um ou dois que abraçam árvores, os outros exigem edificações de menor consumo de água e energia elétrica porque isso reduz o custo operacional, torna o empreendimento mais competitivo no mercado de venda ou locação e aumenta a velocidade de vendas”, afirma o consultor Anderson Benite, diretor de sustentabilidade do CTE, empresa que oferece consultoria de sustentabilidade para a certificação de empreendimentos.
Primeiro corporativo O Eldorado Business Tower, projetado por Aflalo & Gasperini Arquitetos, foi o primeiro edifício corporativo da América Latina a obter a certificação Leed CS (Leadership in Energy and Environmental Design) na categoria Platinum, a mais alta conferida pelo USGBC (United States Green Building Council). O empreendimento está localizado em São Paulo. “Mas não basta ter todos os atributos do desenvolvimento sustentável, é preciso agregar valor e oferecer retorno financeiro”, diz Newton Figueiredo, presidente do grupo Sustentax.
Qualidade do espaço Outro tipo de cliente é aquele que vai utilizar a edificação e busca também a qualidade do espaço. “Nos Estados Unidos existem pesquisas que mostram que a qualidade do ambiente de trabalho gera mais produtividade e reduz o afastamento por doenças. O empresário sabe que o custo da folha de pagamento é muito maior que o da operação do prédio e investe na qualidade ambiental”, diz o consultor. Grandes bancos e companhias no Brasil já exigem espaços certificados. Entre eles não estão apenas os de origem estrangeira, como Google, Siemens, Barclay e Morgan Stanley, mas também brasileiros como Vale do Rio Doce, Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Petrobrás e Grupo Pão de Açúcar.
Certificações As certificações de sustentabilidade para edificações são sistemas de mensuração e funcionam como uma espécie de atestado que garante que as construções estão em acordo com parâmetros que visam redução do consumo de energia e de água e asseguram o conforto ambiental. Atualmente o Brasil soma cerca de 50 empreendimentos já certificados em acordo com um dos três principais sistemas de certificação em funcionamento.
32 brasileiros O primeiro empreendimento brasileiro a obter uma certificação de sustentabilidade foi a agência do Banco Real na Granja Viana, em Cotia, SP. Em 2007, a agência obteve a certificação Leed na tipologia New Construction e na classificação Gold. O fato de ter sido a primeira contribuiu para que a certificação se tornasse a mais difundida no Brasil atualmente. De acordo com informações disponíveis no site do USGBC, hoje são 32 empreendimentos brasileiros já certificados pelo Leed e outros 175 registrados, que podem ou não vir a obter a certificação.
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