Por Eliana Cirqueira
Representante da Sucen falou das ações preventivas e de combate ao mosquitoEsta semana, a prefeitura de Bertioga e a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias do Estado de SP) confirmaram os 12 casos de malária, divulgados semana passada pelo JCN (Jornal Costa Norte). A incidência da doença foi em Itatinga, que está numa área de Mata Atlântica localizada ao pé da Serra do Mar, distante a cerca de 10 km da rodovia Rio-Santos. Apesar de estar situado no município bertioguense, o local é administrado pela Codesp (Companhia Docas do Estado de SP), por contar com a Usina Hidrelétrica de Itatinga, que abastece o Porto de Santos. Até a semana passada, somente um caso de malária havia sido confirmado oficialmente, sendo que a informação sobre os 11 demais contaminados ocorreu por meio dos próprios trabalhadores da usina, em contato telefônico e pessoal com o JCN. Novamente essa semana, tanto o município quanto a Sucen negaram a possibilidade de epidemia e afirmaram se tratar de um surto ocasional e que está sob controle.
Medidas A equipe da Saúde de Bertioga ficou encarregada dos exames e medicação dos casos confirmados e o órgão do Estado, de realizar ação de contenção no local, com captura, análise e medida de prevenção (roçeado) do mosquito transmissor da doença. Nesta terça-feira (11), funcionários de ambos os órgãos estiveram no local. De acordo a chefe de Seção da Vigilância Sanitária de Bertioga, Lúcia Perez Guimarães, foram realizados mais 132 exames em funcionários e trabalhadores da Usina de Itatinga. Na semana passada, o município já havia produzido 89 exames. Destes, 12 com resultados positivos. “Esses casos iniciais já estão com medicação, que dura de oito a nove dias. Com o início da medicação, no quarto dia já há resultado negativo para a doença. Se algum continuar positivo no terceiro exame, nós estaremos mudando o medicamento, que vem do Ministério da Saúde”, explicou Lúcia.
Isolamento Ainda de acordo com a representante da Secretaria Municipal da Saúde, não há medidas de isolamento. Os trabalhadores e moradores de Itatinga continuam trabalhando normalmente, o que ocorre é a proibição temporária de visitantes na área. “Por uma precaução e prevenção, suspendemos as visitas de gente que faz monitoramento, faculdades, os visitantes dos moradores da Vila. As visitas estão suspensas até termos certeza de que todos os exames estão negativos”, afirmou Lúcia.
Ação Sucen Representantes da regional da Superintendência de Controle de Endemias do Estado de SP estiveram terça (11) na Vila de Itatinga, ministrando palestra de esclarecimento aos moradores sobre as ações que serão realizadas na próxima semana, de segunda (17) a quinta-feira (20). No local, a Sucen já está realizando pesquisa entomológica, que é a busca pelo mosquito transmissor da doença. “Corresponde ao Estado realizar ações de controle ao vetor. Vamos fazer o roçeado para a malária nas casas da Vila, com um inseticida de efeito residual [não tóxico], dentro e fora das casas, para prevenir que o mosquito não adentre as residências. E quem trabalha na mata vai usar blusa de manga comprida para não pegar a doença. Esse inseticida irá ajudar para que o mosquito não entre nas casas no período de 45 dias”, destacou a educadora de Saúde Pública da Sucen, Márcia Regina Delgado.
Tipo Vivax Ainda segundo Lúcia, da Vigilância Sanitária de Bertioga, o tipo de malária presente em Bertioga é a Vivax, que é mais branda. “Salvo algumas pessoas que tem uma imunidade um pouco mais baixa que vai ter uma reação um pouco mais forte ou não. O mosquito existe, ele sobrevoa, ainda pode ter mosquito contaminado. A medicação vai eliminar o mosquito da corrente sanguínea, mas isso não elimina a hipótese de uma reinfecção, caso o mosquito volte a picar a mesma pessoa. Como é uma área de mata, não tem como você eliminar todos os mosquitos”, destacou.
Sintomas As pessoas que tiverem se exposto a situações de risco e apresentarem os sintomas da doença, como febre alta, dor de cabeça, calafrios pelo corpo, devem procurar o Centro de Vigilância Epidemiológica de Bertioga, que fica na avenida Anchieta, 1103, na Vila Tamoios, em frente à Garagem da prefeitura.
Malária Características clínicas e epidemiológicas: Doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitidos por vetores. Reveste-se de importância epidemiológica por sua gravidade clínica e elevado potencial de disseminação em áreas com densidade vetorial que favoreça a transmissão. Concentrada na região amazônica.
Reservatório - O homem é o único reservatório com importância epidemiológica para a malária.
Modo de transmissão - Os vetores são mais abundantes nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno, porém em menor quantidade em algumas horas da noite. Não há transmissão direta da doença de pessoa a pessoa. Pode ocorrer a transmissão induzida, por meio de transfusão de sangue contaminado ou do uso compartilhado de seringas contaminadas.
Período de transmissibilidade - O mosquito é infectado ao sugar o sangue de uma pessoa com gametócitos circulantes.
Susceptibilidade e imunidade - Em geral, toda pessoa é susceptível à infecção por malária. Os indivíduos que desenvolvem atividades em assentamentos na região amazônica e outras, relacionadas ao desmatamento, exploração mineral, extrativismo vegetal, estão mais expostos à doença. Fonte: site do Ministério da Saúde
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