Por Maria Paula
“As verdades vão começar a aparecer agora. Uma é sobre a revisão da moto aquática e a outra é que o jet-ski não se encontrava em nossa náutica”. Foi o que afirmou Tiago Veloso, responsável por uma marina, em Bertioga, ao participar de depoimento no Fórum da cidade, na tarde de quarta-feira (22). Ele foi uma das 10 testemunhas da 1ª audiência, em que prestaram depoimentos sobre o caso de Grazielly Almeida Lames, de três anos. A menina foi vítima fatal num acidente com jet-ski, na Praia de Guaratuba, durante o Carnaval desse ano. Um menor de idade estaria dirigindo o equipamento náutico. Também foram testemunhas nessa 1ª parte do processo a mãe de Grazielly, Cirleide Rodrigues Lames; a tenente da Marinha, Roberta Lopes da Cruz Antonio, “que não falou com a Imprensa”; o perito João Alves Neto; e o morador Everton Faria, que reside no mesmo condomínio que o empresário José Cardoso, e onde estaria hospedado o menor que dirigia o jet-ski.
Manutenção O dono da marina falou ainda que ele, juntamente com o mecânico Aílton Bispo de Oliveira não fizeram nenhuma revisão no jet-ski e sim a manutenção de praxe, como a aplicação de lubrificante, já que o caseiro não estava conseguindo fazer o equipamento funcionar. Tiago afirmou que apenas atendeu a um pedido do empresário José Augusto Cardoso filho, dois dias antes do acidente.
Perito De acordo com o laudo do perito João Alves Neto, do Núcleo de Perícias de Santos, uma oxidação no cabo do acelerador, localizado na parte interior do veículo, pode ter contribuído para o acidente, já que o mecânico não é um profissional autorizado para esse tipo de trabalho.
Continuação O juiz de Bertioga Rodrigo de Moura Jacob marcou para a próxima quinta-feira (30) a continuação do interrogatório. Isto porque o tempo da audiência que teve início às 13h30 de quarta-feira (22) não foi suficiente para ouvir todas as 10 pessoas convocadas, tanto as de acusação como as de defesa. O juiz também ouviu Everton Faria, testemunha de acusação e que reside no mesmo condomínio que o proprietário do jet-ski, o empresário José Augusto Cardoso filho. Everton disse que entregou ao juiz o estatuto do condomínio que proíbe a circulação de qualquer tipo de equipamento náutico, inclusive embarcações. O acesso dessas embarcações também é proibido pela Marinha e pelo Plano Diretor da cidade, de acordo com a testemunha. Segundo o morador, com exceção do Corpo de Bombeiros, polícia e serviços de segurança do condomínio, ninguém mais pode fazer uso daquela área. “Nós temos placas sinalizando a proibição, mas ele [o empresário] desobedeceu ao regimento. “Eu já sai várias vezes da praia com meus netos por conta desses jet-skys”, reclamou a testemunha. Agravante No depoimento emocionado da mãe de Grazielly, Cirleide Rodrigues Lames a falta de equipamento médico no pronto atendimento do Hospital de Bertioga contribuiu para o falecimento da filha. A mãe relatou que o socorro até o local do acidente foi outro agravante, já que o mesmo demorou 40 minutos para chegar. Grazielly teve traumatismo craniano e não resistiu aos ferimentos. Na época, ela foi socorrida pelo helicóptero Águia da PM.
Análise O advogado de acusação da família de Grazielly, José Beraldo, considerou muito positivo para o processo o depoimento das testemunhas, em especial do delegado de Bertioga, Mauricio Barbosa Junior. “Está confirmado por testemunhas e pelo delegado que havia dois adolescentes sentados no jet-ski. O que causou estranheza é o doutor delegado dizer que não iria indiciar ninguém” disse Beraldo. O advogado acredita que o processo seja concluído até o final deste ano, levando em conta que todas as precatórias já foram expedidas.
Próximos Os depoimentos mais esperados agora são os do caseiro e o da esposa do empresário José Augusto Cardoso Filho, previsto para acontecer no próximo dia 30.
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