Caranguejo-uçá repete invasão de Itaguaré

Por Antonio Pereira

Foi em menor número, mas a praia de Itaguaré, em Bertioga, voltou a registrar uma invasão de caranguejos da espécie uçá. O fenômeno aconteceu na manhã de terça-feira (7) e, a exemplo do ano passado, ocorreu em função da chuva intensa que atingiu a região no final de semana, levando grande volume de água doce aos manguezais. Como os caranguejos vivem em água salobra, eles procuraram o sal mais próximo, ou seja, na água do mar. Segundo a prefeitura, mais de mil caranguejos-uçá foram recolhidos, no entanto, assim como há um ano, 10% deles devem morrer em decorrência de condições ambientais.

De acordo com o diretor de Operações Ambientais (DOA) da prefeitura, Bolívar Barbati Júnior, o habitat dessa espécie é o mangue, em área de transição entre o rio e o mar, e o resgate é necessário para evitar que os caranguejos morram na praia devido ao calor e à densidade da areia ou pelo contato com a água do mar.

“Essa fuga é uma seleção natural, já que alguns caranguejos não vão sobreviver na praia e nem mesmo na água muito salgada. Além disso, por conta do calor da areia, eles também podem morrer, mas independente da seleção natural, as equipes devem fazer seus trabalhos e salvarem o máximo de animais possíveis”, explicou. Os animais recolhidos serão distribuídos de forma gradativa nos mangues da cidade, a fim de evitar um grande adensamento.

O diretor também ressaltou que este fenômeno é diferente daquele conhecido como andança, quando os caranguejos adultos saem em busca das fêmeas para o acasalamento, nos períodos de mudança entre as luas nova e cheia. No ano passado, a prefeitura convidou o biólogo especialista em caranguejo-uçá, Marcelo Pinheiro, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), para verificar de perto o fenômeno ocorrido na praia de Itaguaré. Na oportunidade, o biólogo constatou, após analisar a água, que não há contaminantes no mangue.

Bertioga conta com três bacias hidrográficas: dos rios Itapanhaú, Itaguaré e Guaratuba. Segundo o diretor, o teor de sal na água que atinge o mangue é maior nos rios Itapanhaú e Guaratuba, por isso, a grande quantidade de chuva não interfere na qualidade da água que banha o mangue.

Bolívar lembra que, no ano passado, cerca de um milhão de exemplares da espécie uçá apareceu em cerca de 2 km de extensão da praia de Itaguaré. Desses, em torno de 12 mil foram resgatados pela DOA.