Por Marina Aguiar
Uma das três meninas internadas devido à reação à vacina que previne o papilomavírus humano (HPV) voltou a ser hospitalizada. Mariana Freitas de Lima, 12 anos, teve alta no dia 11 de setembro, mas voltou a sentir dores de cabeça e falta de sensibilidade nas pernas na quarta-feira, 17. Ela foi medicada e liberada no mesmo dia. Após o início da aplicação da segunda dose da vacina, no dia 3 de setembro, 11 meninas da Escola Estadual Willian Aureli, no Jardim Rio da Praia, tiveram reações. Além das dores de cabeça e falta de sensibilidade, algumas meninas apresentavam tremores. Em decorrência dos sintomas em massa, o médico sanitarista e pediatra Aluísio Bichir participou de uma reunião com profissionais do estado para discutir os casos, na manhã de quinta-feira, 18. “Essa vacina é absolutamente importante para a prevenção do câncer do colo de útero, que é a quarta causa de morte por câncer em mulheres no Brasil. Por isso, sempre digo que a vacinação é uma das maiores ações da saúde no país. Nem por isso vamos deixar de acompanhar as meninas. As mães já têm nossos telefones particulares e podem entrar em contato a qualquer momento”. A Comissão Permanente de Assessoramento em Imunização recebeu os relatos do médico e chegou à conclusão de que não se pode desprezar a situação das garotas. Bichir também afirmou que a campanha de vacinação nas escolas continuará. Até o momento, apenas 480 meninas foram vacinadas no município, quando a meta é que 1.472 meninas recebam a segunda dose. Para que as mães não tenham dúvidas sobre a vacina, o médico sanitarista e a equipe da Secretaria de Saúde farão palestras nas escolas nas quais haverá vacinação. O médico lembra que a reação que as meninas tiveram é transitória e não deixou sequelas. As mães ainda sentem medo. Na terça-feira, 16, Rosália Alves Barros, mãe de Luana Alves Barros, foi até a Delegacia de Polícia de Bertioga para registrar um boletim de ocorrência contra a Secretaria de Saúde. “Eu não sei até quando minha filha vai ficar assim, ela vai ao hospital, melhora, mas os sintomas voltam”, afirmou a doméstica. De acordo com Bichir, mais de 150 milhões de vacinas contra o HPV foram aplicados em todo mundo. No Brasil, 99% das meninas que tomaram não tiveram reações. Ainda de acordo com o médico, o laboratório Merck Sharp & Dohme (MSD), fabricante da vacina, mostrou interesse em estudar o caso e analisar os produtos distribuídos. “A próxima dose será dada daqui a cinco anos, até lá, muita coisa pode acontecer, até alterações no processo de fabricação”, contou Bichir. Com a intervenção do Ministério da Saúde, a vacina, que chega a custar R$ 360 nas clínicas particulares, sai por apenas R$ 30. A população recebe gratuitamente. Além da campanha nas escolas, a vacinação segue nas Unidades Básicas de Saúde de Bertioga.
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