Aventura tripla: Guaranis Race reúne trilhas, desafio e diversidade cultural

Por Marina Aguiar

Trilhas, rios, adrenalina e muita lama definem o Guaranis Race, uma prova de pedestrianismo realizada em um local inusitado: a Terras Indígenas do Rio Silveira, localizada na divisa entre os municípios de Bertioga e São Sebastião. Cerca de 340 pessoas reuniram-se logo cedo, no sábado, 21, e enfrentaram uma grande fila para pintar o rosto e corpo e tirar fotos com os índios, antes da largada para os 13 km de prova. O intercâmbio cultural promovido pela XCountry Series foi um dos principais atrativos para os atletas. “Nada melhor do que vir apreciar as belezas da natureza e estar presente com nossas raízes”, declarou a personal trainning de Santos, Luzia Bello, que carregava uma indiazinha no colo até o momento da corrida. O cacique da aldeia Adolfo Timóteo abençoou a corrida e promoveu uma cerimônia musical junto com os outros índios minutos antes da largada. “É importante que o não indígena conheça a aldeia para aprender a preservar as nossas terras”, declarou o cacique. No sábado, o dia estava ensolarado, mas a chuva que caíra no dia anterior garantiu um brinde aos corredores: a lama. “Muitos comemoraram quando choveu. Eles vêm em busca disso, de aventura, de dificuldade. O lema é quanto pior melhor”, disse o organizador do evento, Rafael Zoraban. Carla Falsetti faz jus ao lema e comemorou as más condições da trilha. “Tem muita lama e a gente gosta assim sujinho, com barrinho (risos)”, brincou a médica paulista. Primeiro lugar feminino, a dona de casa Andreia Sekine Miranda participou de sua primeira corrida de aventura. “É como todo mundo fala, tem que ter lama, tem que se sujar. Eu caí várias vezes, perdi as contas, mas valeu a pena”. Atletas do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e até estrangeiros participaram da competição. O vencedor veio de perto, da capital, São Paulo, e concluiu a prova em 59 minutos. Lúcio Lopes dos Santos é treinador de corridas e está habituado ao universo rústico. “Já faço corridas de aventura, a exemplo das provas de montanha. Esta prova foi bem especial, principalmente por eu ter ganhado”, comemorou o atleta. O também paulista Nilton Lúcio Evangelista foi o segundo colocado. Ele corre no asfalto há nove anos e esta foi a sua terceira corrida de aventura. “Sou natural de Minas Gerais e adoro a mata, o contato com a natureza, não perco a oportunidade”. Já o terceiro lugar foi da Baixada Santista. Rafael Marrone Fonseca é de Praia Grande e agradeceu aos organizadores pelo evento. “Geralmente, essas provas de aventura ou de montanha acontecem no interior de São Paulo. É um privilégio participar dessa prova pertinho de casa”.