Aniversário de um ano de Clube de Xadrez é prestigiado por Dona Vicentina


Costa Norte
Publicado em 27/09/2013, às 12h16 - Atualizado em 23/08/2020, às 14h07

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Por Mayumi Kitamura

Contato da enxadrista com o esporte começou por volta de seus 50 anos

O Clube de Xadrez de Bertioga celebrou seu primeiro ano de atividades com torneios, prestigiados pela enxadrista Vicentina Silva Iglesias, a dona Vicentina, que completou 99 anos no dia 24 de setembro. Em reconhecimento ao talento da moradora de Itanhaém, que nutre um carinho especial por Bertioga, a equipe e amigos do município prepararam uma festa para comemorar seu aniversário, no Hotel 27. Estava programado um passeio ciclístico no domingo, também para marcar este primeiro ano do clube, mas foi cancelado devido ao mau tempo. A coordenadora do Projeto Harmonia e do Clube de Xadrez, a professora Dayse Camargo, conta que a iniciativa surgiu muito antes. “A história é mais antiga. Surgiu na década de 90, em São Miguel Paulista, onde eu tinha um clube de artes. Lá abrimos espaço para um professor de filosofia que ensinava xadrez. Isso fez com que começasse a aparecer enxadristas de todos os lados.” Desta forma, o projeto permaneceu durante cinco anos naquela cidade. Desde a mudança para Bertioga, Dayse tentou implantar o projeto, mas precisava de uma equipe que pudesse se dedicar ao incentivo do xadrez. No ano passado, conseguiu retomar este sonho, na Casa da Cultura. Foi por intermédio também do estímulo do xadrez nas escolas, com doação de peças e tabuleiros às unidades e a partir de matéria publicada no Jornal Costa Norte (JCN), que a professora conheceu dona Vicentina, coincidindo com a implantação do projeto em Bertioga. Desde 4 de agosto de 2012, o Clube de Xadrez contou com mais de 400 assinaturas de participantes das atividades. “Juntando tudo foi uma coisa que deu muito certo. A dona Vicentina, sempre que podia, vinha participar, tentando nos estimular a não desistir”, disse. Para Dayse, ver este projeto dar certo é uma missão, que só será concluída quando possuir um espaço físico e uma equipe de profissionais para possibilitar o ensino do esporte em horários variados, estimulando o aprendizado de crianças e da terceira idade. Este primeiro ano do Clube de Xadrez, para a professora Dayse, marca também o encerramento de uma fase. “Eu estou saindo para que eu possa cuidar de outros assuntos pessoais e para que o clube possa andar com as próprias pernas. Temos meia dúzia de pessoas que realmente amam o xadrez, mas que sabem que é preciso apoio para que possamos representar a cidade nos torneios. Estou muito feliz, foi muito bom todo este contato; saber que é possível fazer alguma coisa e mostrar para esta geração que precisamos de luta”, ressaltou a coordenadora do projeto. A paixão de Dayse Camargo em divulgar o esporte conta com um fator curioso, confessado durante a entrevista. A professora vê no xadrez uma aura de glamour, um esporte que vai além da disputa entre os dois lados do tabuleiro, proporcionando momentos de lazer para os jogadores. Porém, Dayse não desfruta desse prazer, já que sequer distingue o movimento destinado a cada uma das peças – o que não impediu seu empenho para que outros conhecessem o xadrez, tornando possível o despertar desta paixão nos moradores e visitantes de Bertioga.

Dedicação Os títulos regionais e estaduais de dona Vicentina no xadrez impressionam. Desde que começou a competir, em 2007, até o ano passado, a tímida, porém, sempre simpática enxadrista, não perdeu nenhuma partida dos Jogos Regionais do Idoso e nos Jogos Estaduais do Idoso também foi destaque, mostrando que a idade não é o limite – ainda que fosse uma das mais velhas participantes dos torneios de xadrez. O desempenho exemplar deve-se à prática diária, conforme revela sua ajudante Valdinete da Silva Almeida que, apesar de não jogar, sabe as regras do jogo e fica de olho nas jogadas realizadas nos torneios que dona Vicentina disputa. Quando indagada sobre o que a motiva a jogar e não abandonar o xadrez, dona Vicentina diz com um largo sorriso: “Eu gosto, só (risos). Eu fazia parte da terceira idade, sempre ia a todo lugar e ganhava. Vamos ver se eu vou continuar mais um pouquinho”, contou. O contato da enxadrista com o esporte começou quando seu marido a ensinou, por volta de seus 50 anos e, foi justamente o xadrez que a ajudou a lidar com a depressão sentida após a morte dele, em 2002. A partir daí, a vida de dona Vicentina concentrou-se em torno do xadrez, o que a motivou a viajar para participar de torneios, nos quais fez várias amizades, como em Bertioga que, segundo Valdinete, é a cidade em que a idosa encontra não apenas os amigos, como o aconchego.

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