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Novo surto de doenças respiratórias gera movimentação no setor de saúde

Vírus Influenza e variante ômicron mudaram profundamente o cenário da saúde neste início de ano.

DINO
Publicado em 19/01/2022, às 15h12 - Atualizado às 15h22

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coronavírus - pexels
coronavírus - pexels

Diante de uma nova onda de doentes pelo país depois das festas de final de ano, aumenta a procura do brasileiro por testes de covid-19 e de gripe. Com sintomas muito parecidos, as doenças voltaram a intimidar a população. A situação ganha contornos mais dramáticos com o aumento dos diagnósticos das duas infecções respiratórias ao mesmo tempo, os chamados casos de "flurona".

Ainda que não seja um novo tipo de infecção e que a ciência não tenha sinalizado previsões de que se torne mais agressivo, o cenário já movimenta as engrenagens do mercado de saúde, que tenta se preparar para uma nova onda de testagens em massa. 

É o que conta Maria Gabriella Santos, diretora do Laboratório Dom Bosco, um tradicional laboratório de Brasília. Ela compartilha que está sendo difícil encontrar exames para abastecer os estoques da empresa.

"A procura pelos exames de covid-19 é tanta que a oferta não está suprindo a demanda. Por exemplo, já prevendo uma alta dos casos, hospitais e laboratórios aqui de Brasília fizeram grandes compras de testes de antígeno, o que deixou o mercado relativamente desabastecido. No caso do tradicional exame RT-PCR, o prazo de entrega do laudo teve que ser aumentado temporariamente de dois para cinco dias úteis, pois nunca houve uma demanda tão grande assim por exames de covid-19, mesmo nos outros dois picos da pandemia. Felizmente, temos a opção do exame RT-PCR Express para atender casos mais urgentes, pois o resultado é liberado em poucas horas.”

Ela diz ainda que a falta de testes gerou consequências que foram repassadas aos clientes, que começam a sentir no bolso os impactos de uma nova onda da pandemia.

“Por causa da falta de testes no mercado e da dificuldade momentânea de dar vazão aos laudos, a maioria dos laboratórios optou por aumentar os preços dos exames. Mesmo assim, abraçamos a missão de manter nossos valores acessíveis, e estamos conseguindo alcançar essa meta”, afirma.

Segundo Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista da Universidade de São Paulo (USP), a baixa adesão à vacinação contra a gripe é um dos grandes responsáveis pelo atual surto da nova variante de influenza (H3N2) que o Brasil passa. Já em relação à variante ômicron, estudos apontam para seu alto índice de contaminação, apesar de apresentar sintomas mais brandos, especialmente na parcela da população que está vacinada.

Dados do Ministério da Saúde até o fechamento desta edição apontam que a cobertura vacinal da covid-19 é de 80% com a imunização completa. Já quanto à influenza, os números divulgados pela pasta mostram que o governo federal alcançou somente 78% do público-alvo na última campanha de vacinação contra a gripe, realizada de abril a setembro de 2021. O número é bastante inferior à meta de 90% estabelecida pela equipe técnica.

De modo geral, as pessoas diagnosticadas apresentam sintomas leves que podem ser facilmente confundidos, como febre, cansaço, dor no corpo, garganta inflamada, dores de cabeça, entre outros. 

Rose Araújo, que está à frente do Laboratório Dom Bosco há mais de 25 anos, conta que o cenário alterou-se rapidamente.

“Quando ouvimos falar sobre a variante ômicron, nos preparamos para picos parecidos com aqueles causados pela delta. O que não ocorreu. A situação explodiu rapidamente, mas mesmo assim conseguimos nos manter relevantes para o público brasiliense. Disponibilizamos o exame de painel respiratório e criamos pacotes especiais, a fim de facilitar a identificação de casos de 'flurona', que já se tornou um quadro comum, infelizmente.”

O exame de painel respiratório é o que identifica os principais agentes causadores de infecções do trato respiratório, como a covid-19 e os vírus Influenza. Tal exame se popularizou recentemente devido ao surto de gripe. Em Brasília, é possível achar o exame a partir de R$ 280. 

Rose explica a importância de um diagnóstico correto e confiável para a prescrição de um tratamento eficaz. A gestora fala sobre a necessidade de um atendimento personalizado e humanizado durante todo o processo de detecção dos agentes virais, que vai desde a coleta do material até a análise e entrega do resultado pelo laboratório.

“Nosso laboratório é um lugar que as pessoas buscam para se sentir seguras. Com os resultados, sendo positivos ou negativos, é possível manter as pessoas que foram infectadas em isolamento social, e, dessa forma, a gente pode conter um pouco mais a pandemia”, explica.

As duas gestoras relembram ainda que, por mais que o governo do Distrito Federal tenha optado por medidas mais brandas até agora, a recomendação é evitar locais de aglomeração e, se possível, permanecer em casa, tal como foi feito em outros momentos de pico da pandemia, sempre seguindo os protocolos de segurança sanitária de uso de máscara de proteção, distanciamento social e álcool em gel nas mãos.

“Não dá para descuidar. Nunca se viu tantos casos diários assim no mundo. Por mais que a ômicron tenha se mostrado menos letal, o fato de ela ser mais contagiosa tende a anular sua baixa letalidade por alcançar mais pessoas. O que nos alenta é saber que o brasileiro está se vacinando”, comenta Maria Gabriella.

Website: http://domboscolaboratorio.com.br

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