LEI DA SELVA

Série da Globo narra história do jogo do bicho no Brasil

Produção com quatro capítulos conta como a prática está em várias instâncias da sociedade brasileira, como futebol e política

Da redação
Publicado em 20/05/2022, às 12h26 - Atualizado às 14h39

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Série da Globo narra história do jogo do bicho no Brasil Jogo do Bicho - Reprodução Coletivo Pandilla
Série da Globo narra história do jogo do bicho no Brasil Jogo do Bicho - Reprodução Coletivo Pandilla

Conferir o resultado do jogo do bicho é uma tarefa comum para muitos brasileiros. Ainda que proibida por lei, a prática está disseminada de tal forma na sociedade que sua influência se espraia para outras áreas, como futebol, política e Carnaval. A influência é tão grande que o jogo do bicho pode ser liberado caso o PL 442/1991, que regulamenta os jogos de azar no Brasil, avance no Senado Federal.

Agora, a história do jogo do bicho no Brasil e sua influência na dinâmica do país está sendo contada em uma série produzida pela Globoplay, que estreou nesta semana e já pode ser conferida na plataforma. Os cinco episódios também estão sendo exibidos de maneira separada no Canal Brasil.

A série “Lei da Selva – A História do Jogo do Bicho”, dirigida por Pedro Asbeg, mescla história, curiosidade e informações relevantes para contextualizar o jogo do bicho na vida brasileira. O capítulo inicial retrata o início da prática instituída pelo Barão de Drummond, há 130 anos, quando o magnata inventou um jogo para atrair o público ao seu zoológico recém-inaugurado.

Ao longo do seriado, no entanto, é possível entender como o jogo do bicho se tornou um verdadeiro império nas ruas e vielas do Brasil, com ramificações inclusive no crime organizado.  Tendo, sempre, o Rio de Janeiro como epicentro, a produção mostra a ascensão e queda de bairros da cidade, como Portela, Salgueiro, Mangueira, Oswaldo Cruz e Bangu, estendendo-se até Rio das Pedras.

Outro ponto que merece destaque é o vínculo do jogo do bicho com o Carnaval. Em especial, a série mostra como uma nova geração substituiu gente graúda,  mais velha, que já não aguentava mais o ritmo. Castor, por exemplo, forjou Rogério De Andrade, seu sobrinho, em uma disputa ferrenha com seus filhos, Paulinho e Carmen.

"Os bicheiros entenderam que as escolas de samba eram lugares onde podiam não só lavar dinheiro, ter uma reputação. Eles passam a ser vistos com representantes do governo porque não eram mais bicheiros, eram presidentes, patronos. E é dessa mesma maneira que Castor e Emil deixaram de ser banqueiros e passaram a ser representantes de Bangu e Botafogo", contou Asbeg em entrevista recente ao O Globo.

Produção com quatro capítulos conta como a prática está em várias instâncias da sociedade brasileira, como futebol e política Lei da Selva – A História do Jogo do Bicho (Reprodução GloboPlay)

Emi Pinheiro foi um ex-presidente do Botafogo, que se destacou como um dos dirigentes mais excêntricos do clube carioca. Ele era dono de bancas na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, e chegou ao clube na década de 1980.

O documentário mostra como o fato de o time ter voltado a ser forte graças ao dinheiro da contravenção não era exatamente um problema para os alvinegros. Pinheiro, que virou presidente do clube após o título do Campeonato Carioca de 1989, caiu nas graças da torcida do Fogão e por muito tempo o bicheiro foi tratado com carinho pelos torcedores.

A série também não poupa nomes proeminentes da cultura brasileira, que volta e meia estavam inseridos em alguma jogatina. Nomes como Leonel Brizola, governador do Rio de Janeiro, o antropólogo Darcy Ribeiro, um dos maiores pensadores do país, e o arquiteto Oscar Niemeyer estiveram, em diferentes momentos, relacionados à prática.

Sendo discutido no Senado, o jogo do bicho pode enfim ser legalizado e deixar de ser uma contravenção penal. Muito possivelmente, um novo seriado feito no futuro registre uma nova forma de atuação da prática na sociedade.

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