Licaão, rei da Arcádia, deixou Zeus bravo, foi transformado em lobo, batizou a licantropia e veio aparecer no Brasil. Confira aqui a lenda completa do lobisomem
Da redação
Publicado em 23/06/2021, às 12h22 - Atualizado em 16/03/2022, às 09h42
Lobisomem ou licantropo, é um ser lendário que é descrito como um humano capaz de se transformar em lobo ou em algo semelhante a um lobo em noites de lua cheia.
Tais lendas são muito antigas e encontram a sua raiz na mitologia grega.
Segundo a obra "As Metamorfoses" de Ovídio (poeta romano), Licaão, que foi o rei de Arcádia (região da Grécia), era muito querido pelo povo. O rei teria abandonado a vida selvagem pra se tornar um homem culto e religioso.
Em seu reinado, Licaão fundou a cidade de Licosura e nela, teria criado um altar a Zeus (o Deus dos Deuses). O fanatismo religioso de Licaão o levou a realizar sacrifícios humanos, o que fez com que o povo ficasse muito bravo com o ex-bárbaro (nem tão ex assim).
Licaão ficou tão doido que chegou ao ponto de sacrificar todos os estrangeiros que visitavam sua casa. Naquele tempo, esta prática violava a lei sagrada da hospitalidade.
Zeus, o Deus dos Deuses, muito bravo com isso, se passou por um viajante e foi se hospedar no palácio de Licaão. O anfitrião, por sua vez, se preparou para sacrificar Zeus, achando que era só mais um hóspede.
De acordo com a obra, Licaão foi alertado por alguns sinais divinos e por alguns empregados do palácio que já estavam com medo. Para testar Zeus, Licaão mandou cozinhar um escravo para Zeus.
Mais bravo do que tudo, Zeus transformou Licaão em um lobo além de ter incendiado todo o palácio do rei canibal.
Na mitologia grega os deuses vingam-se dos homens transformando-os em animais ou plantas para que possam provar sua superioridade diante dos mortais.
Na obra de Ovídio, "As Metamorfoses", fica retratado que a vingança traz transformação, metamorfose, na medida em que os humanos são transformados em monstros, constelações, peixes, etc.
De acordo com a literatura grega o Lobisomem é o primeiro exemplo da vingança divina porém, há uma controvérsia sobre quem foi o vingador originário.
Quando consultado pelo nome de Licaão, o primeiro lobisomem, as respostas remetem a Zeus como sendo o pai da maldição do homem lobo.
Quando a consulta é feita pelo título do livro "As Metamorfoses" chega-se ao ponto de que foi Júpiter o Deus a aplicar a pena da Licantropia ao Licaão, comedor de viajantes.
De uma forma ou de outra, Zeus como Deus dos Deuses, pode até ter designado Júpiter. A única dúvida que não se tem é com relação ao primeiro homem lobo, o famoso, antigo e primeiro lobisomem, o grande Licaão, comedor de viajantes.
O batizador desta palavra, Licantropia, foi justamente o rei Licaão, comedor de viajantes.
Hoje em dia, licantropia clínica é tratada como uma síndrome psiquiátrica, um desvio, no qual pessoas sofrem com a ilusão de se transformar em um animal, no caso, um lobo.
Ou seja: Licaão (primeiro lobisomem) = Licantropia (síndrome de quem acha que pode se transformar em lobo; o mesmo que Zoo (ser vivo em grego) = Zooantropia (pessoal que acha que pode se transformar em qualquer animal).
A lenda do lobisomem é mundialmente conhecida. Nela, um ser parte homem, parte lobo, amaldiçoado com a licantropia (o culpado é o Licaão), transforma-se em lobisomem nas noites de lua cheia.
Na lenda, o lobisomem vive em uma busca frenética por vítimas para matá-las e, para vitimar a fera, de acordo com a mitologia popular, só com bala de prata ou outro objeto, como espadas ou estacas também de prata.
É importante lembrar também que o Lobisomem, de acordo com a cultura popular, pode ter vários lobisominhos, ou seja, a maldição pode ser hereditária. Ah, não esqueça, quem é mordido pelo lobisomem, se sobreviver, lobisomem também será.
Desde os tempos mais remotos, relatos sobre aparições de lobisomens são constantes. Para alguns, esses seres, metade homens, metade lobos, não passam de folclore, para outros, são realidade.
Com o advento das redes sociais e dos aplicativos de mensagens instantâneas, volta e meia surgem imagens arrepiantes de supostas aparições no Brasil que se espalham feito rastilho de pólvora provocando pânico ou arrancando gargalhadas.
O fato é que histórias como a do lobisomem do ABC ou do lobisomem de Campo Grande mexem com o imaginário e chamam a atenção. Muita gente, entretanto, não conhece as origens da lenda nem os casos mais recentes e polêmicos de aparições. Se você é destemido ou destemida, confira abaixo os supostos casos mais recentes e as origens da lenda dessa criatura que povoa os pesadelos de muita gente.
Embora tenha surgido na Europa, a lenda do lobisomem chegou ao folclore brasileiro. O lobisomem, segundo a lenda, é um homem que se transforma em lobo em noites de lua cheia e, sedento de sangue humano, vaga em busca de vítimas, seja para se alimentar ou simplesmente para matar.
Alastrou-se na cultura popular a ideia segundo a qual apenas objetos de prata podem ferir um lobisomem. Em algumas variações da lenda, a maldição que transforma o homem em lobo é passada de pai para filho, assim como pela mordida da besta-fera. Em outras versões, um pacto com o diabo é a origem da maldição. Há também versões em que o lobisomem é um filho de uma relação incestuosa.
A licantropia, nome da maldição do lobisomem, tem origem grega. Etimologicamente, o termo licantropo é a junção das palavras gregas lykos (lobo) com anthropos (homem). Da Grécia a lenda foi para Roma, disseminou-se pela Europa durante o Império Romano e chegou ao Brasil através da colonização portuguesa.
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Por aqui, a variedade de versões é grande. Em algumas regiões, a lenda diz que o oitavo filho de sete irmãs mulheres, está fadado à maldição. Em outras versões, os sete irmãos podem ser homens também. Já no Norte do Brasil, há versões que afirmam que o lobisomem é a transformação de um homem com saúde debilitada e anemia. Transformado nas noites de quinta para sexta-feira, o homem lobo bebe sangue humano para compensar a anemia.
Agora que você já conhece as origens da lenda, conheça dois casos que assustaram muita gente recentemente.
Em maio deste ano, a aparição noturna de um suposto lobisomem atemorizou parte moradores do Grande ABC, na Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com informações da época, da página Viva ABC, foram três bairros, em São Bernardo e Santo André, onde houve estranhas aparições.
Segundo informações, os relatos são parecidos. Sempre tarde da noite, os cachorros das residências começam a latir em desespero e os moradores, ao irem verificar, veem uma criatura aterrorizante.
A última aparição teria ocorrido na madrugada de 28 de maio deste ano. De acordo com informações da publicação, um morador do Jardim Santo André, por volta de 1h da madrugada de ontem, estranhou que seus cachorros começaram a uivar e latir mais do que o comum. Ao verificar o que havia lá fora, pela janela de sua cozinha, o homem deu de cara com a criatura, que era alta, estava em postura similar a de um ser humano, de pé, porém tinha o rosto coberto de pelos escuros.
No reflexo, o morador teria atirado um copo d’água na criatura, que também se assustou e fugiu pulando o muro. À publicação, o homem disse que nunca sentiu tanto medo na vida.
Moradores dos bairros de Baraldi e Montanhão, em São Bernardo, também teriam visto a criatura. Uma moradora do primeiro bairro, teria avistado o monstro caminhando em direção à mata em frente a sua casa. De acordo com a publicação, ela correu para chamar seu marido, mas a besta já havia desaparecido quando seu companheiro foi lhe acudir.
Nas redes sociais, internautas encararam o relato com ceticismo, ou até troça. Outros acreditaram e relataram também terem presenciado situações estranhas com comportamento anormal de cachorros.
“O que está aparecendo as noites nas ruas são os ‘Lobisnoias’ roubando as coisas e pessoas”, ironizou um morador, em comentário na página Viva o ABC, que noticiou o suposto fato.
Outra moradora, porém, relatou comportamento estranho de cachorros em sua rua, na mesma noite. “Não acredito em lobisomem nem história da carochinha, mas ontem, 21h00, estava fazendo janta, quando senti um aperto no peito e medo [e] fui até a porta da cozinha e fechei. Por Deus [que] tinha uns 20 cachorros uivando e latindo sem parar. Foram cinco minutos de latido e barulhos estranhos de uivos”*, afirmou a moradora nas redes sociais regionais do ABC.
Na segunda semana de junho de 2021 começou a circular nas redes sociais e em aplicativos de mensagens um vídeo atemorizante de uma suposta caçada a um lobisomem na estrada do Curtume, em Campo Grande (MS). Assista aqui.
Ao final das imagens, um suposto lobisomem horrível aparece abatido. Como as imagens são muito realistas, muita gente acreditou que o lobisomem era real
Entretanto, portais de checagem de fatos descobriram se tratar de uma pegadinha de dia da mentira deste ano, promovida pelo canal Clowd Wolf posteriormente tirada de contexto e disseminada como se fosse real.
O próprio dono do canal que criou o vídeo explicou que fez uma colagem de diversos outros vídeos e que a imagem do suposto lobisomem abatido era, na verdade, um boneco criado pelo artista norte americano Joseph Rob-Cobasky, especialista em criar esculturas realistas para filmes.
Assita aqui ao vídeo em que youtuber diz que aparição de lobisomem era uma pegadinha de 1º de abril
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