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Riscos da liberação do cigarro eletrônico

Desde 2009 os cigarros eletrônicos são proibidos em todo território brasileiro pela Anvisa

Da redação
Publicado em 17/05/2022, às 11h12 - Atualizado às 13h52

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Cerca de 600 mil brasileiros são usuários Cigarro eletrônico Homem soltando a fumaça do cigarro pela boca e segurando um aparelho de cigarro eletrônico - Reprodução/Gazeta do Povo
Cerca de 600 mil brasileiros são usuários Cigarro eletrônico Homem soltando a fumaça do cigarro pela boca e segurando um aparelho de cigarro eletrônico - Reprodução/Gazeta do Povo

Em meio às discussões sobre a liberação do cigarro eletrônico, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está recebendo, desde 11 de abril, dados sobre a segurança do uso dos dispositivos. Até o momento, os chamados Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF) são proibidos no Brasil.

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No dia 9 de maio, cerca de 46 entidades médicas pediram para que a Anvisa se atente para os riscos do cigarro eletrônico. Eles defendem que a proibição dos produtos seja mantida.

Através de um documento debatido em evento online, é pontuado que: "Os cigarros eletrônicos não podem reverter décadas de esforços da política de controle do tabaco no Brasil".

Desde 2009, os cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil pela Anvisa. Contudo, em 2019 o órgão iniciou um processo regulatório que pode levar a uma aprovação dos dispositivos ou continuar mantendo a sua proibição no país.

Desafios

Atualmente, cerca de 10% da população brasileira acima de 18 anos é tabagista, segundo o Instituto Nacional de Câncer (IBGE). O número representa um avanço em relação há 20 anos, quando esse percentual era o dobro, mas o vício ainda atinge mais de 20 milhões de brasileiros. E conforme as políticas públicas de prevenção avançam, novos desafios também se apresentam. O cigarro eletrônico é um dos principais deles.

Segundo o Ibope Inteligência, o número de pessoas que usam cigarro eletrônico no Brasil, em apenas um ano, dobrou, saltando de 0,3% da população para 0,6%.

São cerca de 600 mil usuários brasileiros da tecnologia que, dizem os especialistas, é capaz de causar tanto dano físico e psicológico quanto o cigarro tradicional.

“Como não há regulação em relação ao cigarro eletrônico no país, não sabemos o que as pessoas estão aspirando. Outro importante ponto é que esse tipo de vício tem atraído principalmente os adolescentes, pelo formato, pela novidade e pela falta de informação sobre o impacto. Os produtores investem em um design moderno, com cara de aparelho eletrônico, para atrair essa geração que, até então, já tinha quase que abandonado o cigarro”, explica Clarissa Mathias, oncologista.

Nas redes sociais, os e-cigs, vapes, ou pods, outras denominações para o cigarro eletrônico, têm sido cada vez mais difundidos. Diversos jovens estão compartilhando suas experiências de uso, ou ainda mostrando formas caseiras de montar o próprio produto.

Consequências

As consequências da pandemia da Covid-19 também estão no radar dos especialistas quando o assunto é combate ao fumo. Ansiedade, solidão provocada pelo isolamento social e o medo da doença levaram ao crescimento no consumo de cigarros, diante dos sentimentos de incerteza gerados pela crise mundial na saúde.

Segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os tabagistas aumentaram o número de cigarros consumidos diariamente em até 40%. E isso também pode estar acontecendo com os consumidores de cigarro eletrônico, acreditam especialistas.

“Não temos como saber quais serão as consequências do consumo desse tipo de cigarro a médio e longo prazos. Teremos que esperar talvez 20 anos para medir isso, o que pode ter consequências para toda uma geração, já muito afetada por um evento de grande proporção, que foi a pandemia, que deixou muita gente mais ansiosa e mais angustiada e que pode buscar esse hábito como válvula de escape”, ressalta Clarissa.

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Novos hábitos

“Parar de fumar não é um ato isolado na vida. A sensação de perda é muito grande, e o fumante deve encarar a cessação como uma oportunidade de fazer um balanço e modificar seus hábitos e estilo de vida. Para vencer a dependência psíquica, a dependência física e os condicionamentos, é preciso ter muita força de vontade e contar com o apoio de profissionais de saúde, amigos e familiares”, finaliza Clarissa Mathias.

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