Negócios surgem de necessidades que se tornam oportunidades

Descubra mais sobre o assunto

Mateus
Publicado em 19/05/2022, às 11h37 - Atualizado em 20/05/2022, às 13h45

FacebookTwitterWhatsApp
Pexels
Pexels

O empreendedorismo não tem fronteiras, e, no Brasil, ele ganha muitas, para não dizer inúmeras, formas.

Prova disso são os números divulgados pelo SEBRAE, que mostram que, só em 2021, mais de 3,9 milhões de empreendimentos foram formalizados como MEIs, micro e pequenas empresas.

O povo mostra para que serve sua criatividade e capacidade de se dedicar aos próprios sonhos e busca por si só o conhecimento necessário para exercer qualquer profissão, montar a própria empresa e gerar oportunidades para outras pessoas.

O sonho de muitos empreendedores passa longe de ser apenas enriquecer. Ao questionar os motivos de muitas pessoas que abriram o próprio negócio, a resposta, diversas vezes, será que existe o sonho de gerar empregos, de melhorar as condições de subsistência da própria família, de tornar a cidade em que vive um lugar melhor.

Muitas vezes, o empreendedorismo começa de formas completamente imprevistas. Nasce de uma atividade que se inicia por necessidade e acaba gerando insights que fazem com que a pessoa perceba que existe uma oportunidade para começar a fazer algo de forma autônoma.

Muita gente que começou a trabalhar através de aplicativo de entregas, teve acesso a um universo que não conhecia, pois não fazia ideia de quantos pedidos os restaurantes recebiam diariamente, não conseguia vislumbrar a quantidade de entregas que o Mercado Livre e outros sites gigantes como as Lojas Americanas, por exemplo, realizavam, por dia, em uma região.

Ao começar a trabalhar em empresas e apps como Ifood, Loggi, James, Ubereats, entre outros, houve a possibilidade de criar conhecimento empírico e prático a respeito de diversos mercados, o que, em muitos, gerou o interesse de empreender dentro de outros segmentos, usando os aplicativos de entrega como um caminho para algo maior, e não como uma finalidade ou um ponto de chegada definitivo.

Daí surgiram muitas lanchonetes e restaurantes, muitas empresas de motoboys, cooperativas, pontos de coleta e de entrega do Mercado Livre, franquias dos Correios, transportadoras, minimercados, e diversos outros micro e pequenos negócios que jamais entrariam no radar de grande parte das pessoas que iniciou um trabalho como entregador de app.

A lista da percepção de oportunidades não acaba aí, porque quem presta atenção nos movimentos que acontecem ao seu redor, consegue perceber onde há possibilidades de empreender e mudar, definitivamente, de vida.

No período da pandemia, por exemplo, muita gente perdeu a possibilidade de realizar as atividades a que estava acostumada, ou de onde já atuava para obter renda.

Além disso, a maior parte das pessoas que trabalhava na área administrativa ou comercial foi redirecionada para começar a trabalhar em casa.

A estrutura domiciliar, no entanto, não estava pronta para esse tipo de trabalho, em muitíssimos casos.

Não foram poucas as pessoas que precisaram investir em um espaço com mesa e cadeira para home office, arrumar espaço dentro de casa para executar suas atividades e aprender novas formas de trabalhar.

E a partir daí, mudanças.

Muita gente não quis voltar para o mercado formal.

Quem estava desempregado, procurou oportunidades para trabalhar digitalmente, e aí, descobriu um universo, muitas vezes, inimaginável.

O e-commerce, por exemplo, é uma fonte imensa de vagas de trabalho, e, na pandemia, a demanda por pessoas para trabalhar na área comercial, tecnológica, logística e de marketing foi gigante.

Muita gente aprendeu a atuar nessas áreas e conseguiu colocação no mercado formal, mas sem precisar sair de casa para trabalhar.

Também não foram poucas as pessoas que começaram a atuar como freelancers e, ao perceber a demanda, também precisaram se formalizar para emitir notas fiscais, contratar ajudantes para conseguir atender a todas as oportunidades que foram surgindo, e pronto: mais empreendedores e empresas no mercado, fazendo a roda continuar girando.

Trabalhando para as lojas virtuais e para os sites de conteúdo, muitos desses profissionais também tiveram uma visão maior sobre os bastidores do e-commerce, da publicidade, do universo dos influencers e de diversos outros nichos que conduziram à criação dos próprios negócios.

Conhecer negócios de nicho mostrou, para muitos, como existem universos diferentes dos óbvios, em que é possível atuar, ganhar dinheiro, empregar, e mudar de caminho e destino.

A maioria das pessoas, quando pensa em comércio online, imagina a venda de roupas, calçados, acessórios de vestimenta, itens de decoração ou tecnologia. Mas, quem presta mais atenção, se joga nos mercados de nicho, como na venda de produtos diretamente ligados a públicos específicos.

Bola de tênis, pranchas de surf, rodas e rolamentos para skates e patins, quimonos, sapatilhas de ballet, são alguns tipos de produtos que conseguem atrair um público muito seleto (e recorrente). Pessoas que são facilmente identificadas através do que estão comprando.

Quem teve esse olhar mais detalhado, logo entendeu que não precisaria navegar por um oceano vermelho, cheio de concorrentes, que vendem a mesma coisa e brigam de forma voraz por clientes.

Os negócios de nicho, quando criados, viram máquinas de contratar, empregar, franquear, e mais uma vez, movimentar a sociedade e o mercado através do empreendedorismo.

Esses, claro, não são os únicos segmentos em que pequenas oportunidades de trabalho se tornaram a porta de entrada para o empreendedorismo e as iniciativas particulares de mudança de profissão.

Não é incomum conhecer alguém que começou a fazer “bico” como faz tudo, para levar o que chamam de “trocado” para casa.

Trocar uma resistência de chuveiro ou uma lâmpada, instalar uma tomada ou um ponto de luz, resolver um mau contato ou embutir uma fiação, entre outras coisas consideradas simples e aprendidas no dia a dia, mostram para a pessoa que ela poderia ganhar muito mais se soubesse fazer mais coisas e atender mais pessoas ou empresas como eletricista residencial e predial, por exemplo.

Conforme o aprendizado vai acontecendo, é natural que essas pessoas passem a receber indicações através do “boca a boca” e divulguem o próprio trabalho nas redes sociais e em plataformas de prestação de serviços, em que é possível encontrar profissionais diversos, como marido de aluguel, pedreiro, eletricista, pintor, entre outros.

Quando a demanda aumenta é que a abertura do negócio acontece. Nasce o registro como empresário, outros profissionais são contratados, oferecendo outros tipos de especialidades, e é aí que nasce uma prestadora de serviços capaz de atender prédios, condomínios, empresas, e pagar impostos, contratar pessoas, e movimentar a sociedade, aos poucos.

Essas histórias se repetem todos os dias e não devem parar de se repetir. Elas demonstram o que é a verdadeira sociedade brasileira e mostram quem é que movimenta o país: o batalhador, o trabalhador e o empreendedor. E, muitas vezes, essa trindade é encontrada em uma pessoa só.

Comentários

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!