Local que inspira e respira história há décadas é um dos pontos mais visitados por turistas; bairro conta com mais de 1,6 mil estabelecimentos instalados em toda sua extensão
Lenildo Silva
Publicado em 21/06/2022, às 11h30 - Atualizado às 13h54
Cartão postal e um dos endereços mais concorridos de Santos, no litoral de São Paulo, o bairro Gonzaga comemora 133 anos nesta terça-feira (21) mantendo-se como um dos metros quadrados mais valorizados da cidade e o queridinho dos santistas.
O bairro se estende ao longo da orla, dos canais 2 (avenida Bernardino de Campos) e 3 (avenida Washington Luís), chegando à avenida Francisco Glicério. É um dos pontos mais agitados, amados e visitados da cidade. No coração do Gonzaga, a Praça da Independência inspira e respira história.
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“O monumento foi construído para as comemorações do centenário da Independência do Brasil e por si só é histórico, transformando-se num patrimônio da cidade. E, com isso, lá se vão mais 100 anos, estamos agora nas celebrações do Bicentenário”, ressalta o historiador da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), José Dionísio de Almeida.
O bairro também é o preferido de quem quer morar com comodidade, diz a médica Gisele Moreira, 55 anos. Ela nasceu no Gonzaga e não tem planos de sair. “Não troco o Gonzaga por nada. É tudo perto. Você não precisa de carro e isso é um atrativo. Tem segurança também para poder andar a pé. Gosto de tudo aqui”.
Facilidade e comodidade são duas palavras que combinam bem com o local. Afinal, é ponto de lazer para os munícipes e referência para turistas, com hotéis, cinemas, clubes e uma infinidade de cafeterias, bares e restaurantes. Além de lojas, sim, muitas lojas espalhadas nos três shoppings, galerias e comércio de rua. São mais de 1,6 mil estabelecimentos instalados no bairro.
“É um bairro 24 horas, muito badalado, no qual as pessoas encontram de tudo. Tem comércio forte e diversificado; é onde muita gente sonha montar um estabelecimento", diz o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Santos-Praia, Nicolau Obeidi.
O Lanches Independência faz parte deste cenário há 62 anos. Eudecilio Fernandes Queiroz trabalha há 22 anos no restaurante e tem muito orgulho de fazer parte dessa história. “O pessoal fala Santos, já pensa no Gonzaga e na Praça da Independência; daí, já para aqui. Viramos tradição”, afirma ele referindo-se ao estabelecimento.
Ele conta que o sistema de atendimento permanece o mesmo desde o início e é um dos motivos do sucesso junto com o carro-chefe da casa, o Filé Independência. “O original leva 400 gramas de filé mignon, queijo, batata frita e salada. Feito na média especial, claro. Serve duas pessoas tranquilamente”, recomenda Eudecilio.
A rua Tolentino Filgueiras é outro destaque do bairro. A concentração de 18 estabelecimentos do setor de alimentação nos quase 400 metros entre as avenidas Washington Luís e Ana Costa rendeu ao trecho o status legal de Rua Gastronômica, em 2018.
Depois do título, a via recebeu decoração temática que vai dos postes às faixas de pedestres, reforço na iluminação, bancos pelas calçadas e um ar de centro da gastronomia.
Para Vivian Brum Cantarelli, que tem um restaurante no local desde 2010 e esteve, junto com outros empresários, à frente do projeto de revitalização, as mudanças foram fundamentais para ampliar a visibilidade e alavancar a via, que se tornou referência no quesito culinária não somente no Município.
“Desde 2008 já vinha ganhando esses ares. Mas o município ter abraçado a ideia e transformado a Tolentino em Rua Gastronômica foi muito bacana, porque conseguimos atrair a atenção de turistas. É uma realização para todos”.
Fundada há 62 anos, a livraria Martins Fontes já passou por outros dois endereços, também no coração do Gonzaga, até se instalar definitivamente na avenida Ana Costa.
“Por aqui já passaram várias gerações. A Martins Fontes nasceu como livraria que vendia material escolar. Era um posto do MEC. Vendia material para escolas públicas e particulares. É uma honra, uma alegria e uma responsabilidade manter essa parte da cidade sempre pulsante”, afirma a diretora do estabelecimento, Solange Lopes Martins Fontes.
A Realejo é outro estabelecimento que praticamente se transformou em point turístico e de eventos literários. "É um lazer ligado ao conhecimento em um bairro que é o termômetro da cidade. O Gonzaga representa a história da cidade de Santos”, conta o proprietário José Luiz Tahan.
A formação do bairro é de 1889, mas o 21 de junho ficou definido oficialmente como data de aniversário apenas em 1967. O dia foi escolhido em alusão ao nascimento de Luís Antônio Gonzaga, dono do Bar do Gonzaga - famoso ponto de referência de circulação dos bondes no passado, próximo ao local no qual funcionava a Caixa Econômica Federal.
A Praça das Bandeiras, o bondinho e a Fonte 9 de julho formam um conjunto histórico e turístico bem em frente à praia. Servem de cenário para fotos, posts nas redes sociais e de muito conhecimento.
“A Fonte é histórica. Foi feita em 1936 para homenagear a Revolução Constitucionalista, que aconteceu na década de 1930. As bandeiras também são uma homenagem aos estados brasileiros e ao Distrito Federal”, explica Dionísio.
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Aliás, a praia como ponto para aproveitar o mar e o sol, praticar esporte e curtir as horas de lazer também é um costume que foi se moldando ao longo do tempo. "Até 1930, os banhos de mar faziam parte somente de receituário médico”, complementa o historiador.
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