Tradicional pendenga do litoral paulista dá as caras novamente e divide opiniões. Um grupo reclama dos turistas e os associa a bagunça, outro grupo diz que o sol é para todos e postura é preconceituosa
Já virou tradição. Após todo feriado, emerge do subsolo do litoral de São Paulo uma curiosa celeuma que divide moradores e se manifesta nas ruas e nas redes. De um lado, há um grupo majoritário que não esconde sua ojeriza pelos turistas, sobretudo os mais pobres, associando-os à bagunça. De outro, há um grupo minoritário, ainda tímido, que defende um litoral inclusivo, e aponta que a postura é preconceituosa.
Durante e após este feriadão de 15 de novembro não foi diferente e o pau quebrou nas redes regionais. Na manhã de ontem (15), uma página regional de Praia Grande foi criticada após ironizar um grupo de banhistas.
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“O que faz essa pessoa levar essa caixinha de som para a praia? Olha que te espera aqui em Praia Grande [sic]”, comentou, com sarcasmo, a página sobre a imagem de um grupo de três mulheres negras e uma criança. Uma delas leva uma caixa de som. Segundo a própria página, a imagem é deste sábado, no Canto do Forte, uma das praias mais elitizadas de Praia Grande.
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A publicação parece ter aberto a tampa do esgoto ideológico litorâneo. “Povinho nojento que não respeita ninguém”, disse um morador a respeito das banhistas. “Isso, minha gente, é essas praias de farofeiros que só dá gentinha [sic]”, completou outra moradora.
Um outro grupo de moradores, porém, contestou a crítica da página, sugerindo que sob a reclamação da caixa de som há uma postura discriminatória.
“Qual o problema de levar caixa de música pra praia? Problema é proibir de ouvir música. Gente amarga”, afirmou, com indignação, um morador. Outros comentadores criticaram a página por publicar uma imagem tirada pelas costas das mulheres supostamente sem autorização
Em Itanhaém, a cena se repetiu na véspera. Na tarde de domingo, um morador comemorou que os turistas foram embora da praia Cibratel II. “Feliz às 17h30. A van carregou as malas, som e povo foi embora e começou o silêncio.”, afirmou.
Tal como em Praia Grande, os comentadores se dividiram. “Infelizmente, existem pessoas como você. Cidade linda e turística, que depende do turismo. Mas existem pessoas mal amadas que só pensam em si mesmo”, criticou um morador. “Barulho de vez em quando é bom, é divertido, é vida. Teremos silêncio eterno no cemitério.”, avacalhou outra.
Irritado, um comentador perdeu as estribeiras com aqueles que criticavam o grupo de banhistas de Praia Grande e partiu para a esculhambação. “Bando de velho recalcado. Vão cuidar da vida de vocês. Por isso que não tem nada na cidade. Tanta coisa pra se preocupar. Dá uma olhada nos hospitais da cidade, precários. Isso ninguém fala.”, lamentou. E o sol brilhou no litoral.
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