Milhares de comentários de ódio foram direcionados aos maçons, utilizando informações falsas para espalhar o terror na cidade. Entenda
Amanda Oliver
Publicado em 30/08/2021, às 10h29 - Atualizado em 17/05/2022, às 13h49
Um marco maçônico gerou polêmica e originou diversas 'fake news' na cidade de Guarujá. O monumento, localizado próximo ao viaduto Floriberto Mariano, foi inaugurado na quinta-feira (26). O valor investido foi financiado pelas lojas maçônicas do município.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, um homem demonstra indignação com o monumento instalado: “Colocaram um símbolo desse diabo aqui e esqueceram de colocar o quanto custou”, indagou o indivíduo. Porém, o marco maçônico foi financiado pelos integrantes e nada custou ao município.
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“Isso aqui quem vai pagar é a população. Tiveram a cara de pau de vir inaugurar essa pedra aqui”, comenta o cidadão, enquanto outro popular percebe a filmagem e interfere no vídeo, com novas informações: “Esses caras aí trabalham pro Satanás, nosso povo está sendo submisso às artimanhas do Satanás”, acusa.
Assista:
https://www.facebook.com/SistemaCostaNorte/videos/1158941804630351
O outro indivíduo ainda alega no vídeo que o símbolo da organização filantrópica significa uma adoração ao ‘Deus satânico’.
Em resposta, um membro da maçonaria de Guarujá, Pedro, explicou que a "maçonaria não veio para intervir em governos ou qualquer ação para prejudicar a população. O poder publico não gastou nada. Que isso fique bem claro, o que foi gasto, foi pela maçonaria".
"É uma entidade mundial que agrega homens de bons costumes para se reunirem, nós não somos uma religião", desabafa. Pedro também demonstra que os maçons estão indignados: "A nossa principal opinião é de indignação, porque é uma pessoa leiga no assunto, que deveria pesquisar para opinar sobre. Todos os maçons estão acompanhando esta fake news".
À época, o prefeito Válter Suman, participou da inauguração do monumento que, para a maçonaria - conhecida também como organização filantrópica, ou seja, de solidariedade e ajuda ao próximo - é o ponto de partida para a melhora da sociedade.
A maçonaria não é uma religião, diversos integrantes do grupo possuem suas próprias crenças, e o enfoque da organização são fins filantrópicos, educacionais, filosóficos e progressistas. Ao todo, o município conta com seis lojas maçônicas.
O monumento instalado possui três componentes: um compasso, um esquadro e a letra G. O compasso significa o instrumento utilizado por Deus para realizar seus planos.
O esquadro representa o percurso que os membros devem seguir, sempre em busca de moralidade e civismo. O G significa God, ou seja, Deus na língua inglesa.
Diversos internautas acreditaram nas palavras do homem e destilaram ataques de ódio nos comentários do vídeo: “Maçonaria à todo vapor dominando o mundo. Deus tenha misericórdia do povo de Guarujá. Que o senhor Jesus nos livre, deste coisa ruim”, comentou uma mulher, ao que outra completou: “É uma religião totalmente escravocrata”.
A repercussão do vídeo causou revolta em diversos populares que conhecem a atividade das lojas maçônicas e relembraram: “Quando houve o alagamento em Guarujá, eles foram os primeiros a ajudar a população com comida. Acho que tem de ser estudado antes de se falar algo e acusar”, disse um internauta.
“A maçonaria é totalmente filantrópica e não aceita nenhum tipo de investimento externo, além disso, para ser maçom é primordial a crença em Deus”, informou outro.
A maçonaria é uma organização fraterna secreta que teve influências impactantes em momentos históricos do mundo, como a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos.
A organização cobra de seus membros o respeito às leis do país em que cada maçom vive e trabalha. Levando em consideração que o progresso individual levará de alguma forma o progresso da humanidade.
A prefeitura de Guarujá, por meio de nota, lamentou a completa falta de conhecimento e a desinformação evidenciadas no vídeo, que mistura maçonaria, religião e ainda incentiva o negacionismo da pandemia de covid-19.
O município ressalta que "a grande maioria das cidades brasileiras possui um marco maçônico e esse é o primeiro instalado em Guarujá, sem qualquer investimento de recurso público, uma vez que todas as despesas para a aquisição e instalação do monumento foram assumidas pela comunidade maçônica da cidade".
Pedro, maçom da cidade de Guarujá, posicionou-se quanto aos ataques de ódio que a organização sofreu.
"A maçonaria não veio para intervir em govenos ou qualquer ação para prejudicar a população. O poder público não gastou nada. Que isso fique bem claro, o que foi gasto, foi pela maçonaria. É uma entidade mundial que agrega homens de bons costumes para se reunirem, nós não somos uma religião. A nossa principal opinião é de indignação, porque é uma pessoa leiga no assunto, que deveria pesquisar para opinar sobre. Todos os maçons estão acompanhando esta fake news".
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