Jovem de 19 anos morreu na maternidade do Hospital Municipal de Bertioga minutos após dar à luz; criança passa bem; viúvo afirma que gravidez não era de risco e jovem não possuía comorbidades
Ana Karolina Fonseca, uma jovem de 19 anos, morreu minutos após o parto de sua segunda filha na maternidade do Hospital Municipal de Bertioga, no litoral de São Paulo, na noite desta terça-feira (12).
“Eu tô sem entender qual foi o motivo. O que eu vou dizer pras minhas filhas?”, desesperou-se o técnico de manutenção de celulares Clébson da Silva Sousa, de 25 anos, marido da jovem, em entrevista ao Portal Costa Norte nesta quarta-feira.
Ana Karolina deixa duas filhas com Clébson, a recém-nascida Ana Clara, que passa bem, e Manuela. “Ela vai fazer três anos agora, no dia 3 de dezembro”, afirma Clébson.
Segundo ele, durante o pré-natal de sua esposa, a gravidez não foi diagnosticada como sendo de risco, tampouco ela possuía comorbidades. Por meio de nota, o Hospital Municipal de Bertioga lamentou a morte da paciente.
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De acordo com Clebson, na tarde de terça-feira, Ana Karolina foi internada no Hospital Municipal de Bertioga para realizar uma cirurgia cesariana que transcorreu normalmente às 23h.
“Ela fez uma cesárea, no horário das 11 horas [da noite]”, relembra-se Clébson com um nó na garganta. “Até então estava tudo bem. Assisti ao parto. Esperei ela subir pra maternidade. Quando ela subiu pra maternidade, esperei a mãe dela chegar. Me despedi dela, dei um beijo nela, ela me falou que estava tudo bem. Daí, eu fui pra casa ficar com a Manuela, enquanto a minha sogra ficou como acompanhante dela”.
Entretanto, afirma Clébson, minutos depois, sua sogra o informou que Ana Karolina "não estava bem". “Eu recebi uma ligação da mãe dela, falando que ela estava tendo sangramento, vomitando e estava com a boca roxa. Aí, ela [mãe] entrou em contato com o médico. O médico foi, olhou ela e já encaminhou pra sala de cirurgia o mais rápido possível”.
Clébson relembra que, às 23h45, menos de uma hora após o parto, recebeu uma ligação de um médico do hospital informando-o de que sua esposa havia falecido na maternidade.
”Ele me ligou falando que ela veio à óbito. Me disse que ela chegou lá na sala de cirurgia e ele tentou conter o sangramento, mas não conseguia, aí optou por tirar o útero dela. Aí, tirou o útero, e ela ficou em observação depois da cirurgia, mas acabou vindo à óbito.”
Visivelmente desconcertado, Clébson confessa que não compreende a morte da esposa. “Ela fez todos os exames, tudo certinho. Não tinha nada de risco. É a segunda gravidez dela. Um dia antes, passamos no médico, ele falou: 'Pode vir amanhã que a gente vai internar e vai ser cesárea'. Aí ela falou: ‘Tá bom’. Ela não tava sentindo nada. Ela ia fazer 20 anos agora no dia 20”, tenta entender, contendo o choro, o jovem viúvo.
Sem descartar a possibilidade de negligência do hospital, Clébson afirma que, no momento, só quer se despedir da esposa, cuja morte ainda não assimilou.
“Eu creio que pode ter havido negligência sim. Nem dá pra entender o que tá no atestado de óbito. Tá passando mil coisas na minha cabeça. Não sei o que eu vou fazer ainda”, diz Clébson - que completa expressando preocupação com sua família, sobretudo as filhas, agora órfãs de mãe.
“Minha família tá péssima. Minha sogra tá desesperada. Queria minha esposa aqui, mas fiquei sozinho. Nossa filha mais velha tem três anos. Pergunta dela toda hora. Como é que eu vou falar pra minha filha que a mãe dela não vai voltar pra casa?".
O INTS (Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde), responsável pela gestão do Hospital Municipal de Bertioga, lamentou a morte de Ana Karolina Fonseca.
“Em nome de toda a equipe de médicos, enfermeiras e colaboradores, o Hospital Municipal de Bertioga se solidariza com a família", afirmou, por meio de nota da gestão municipal de Bertioga.
O INTS justificou a morte da jovem, afirmando que ela “teve uma séria complicação pós-parto e, apesar de todos os esforços e manobras realizados pela equipe médica, não resistiu e veio a óbito”, sem, no entanto, especificar quais foram as complicações ou os esforços empreendidos.
O órgão que detém a gestão do hospital disse, ainda, que os familiares da paciente foram "imediatamente informados sobre o ocorrido e sobre suas causas" e que “a equipe do hospital segue à disposição dos familiares para quaisquer outros esclarecimentos.”
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