Comerciante atleta vence corrida no Chile e tem estabelecimento fechado ao voltar para litoral de SP

Após levar o nome de Bertioga, no litoral de SP, ao pódio de uma competição internacional, a corredora e comerciante Alba Lima Alves, de 66 anos, foi surpreendida, na última sexta (7), pelo fechamento de seu estabelecimento, um conhecido trailer que serve alimentos à beira-mar.

“Eu chegar de viagem, eu representar Bertioga, eu representar o Brasil, e depois... Um parabéns não me deram, o que eu ganhei foi isso. Pra mim, esse foi o presente deles”, indignou-se a atleta durante entrevista ao Portal Costa Norte nesta terça (10).

Fique bem informado, faça parte do nosso grupo no WhatsApp ➥ https://bit.ly/matériasexclusivasemtemporeal 📲

No último dia 1º, dia internacional do trabalhador, correndo por uma equipe independente, sem patrocínios, Alba superou competidoras com um terço de sua idade e conquistou o 5º lugar na disputa de 23 km do Mountain Do Trail Run, uma corrida no deserto do Atacama, no Chile. Entre as competidoras de sua idade, a comerciante atleta venceu com mais de meia hora de vantagem sobre a 2º colocada.

No entanto, na manhã da última sexta, três dias após retornar a Bertioga, em vez de ser surpreendida por homenagens, Alba foi surpreendida por uma fiscalização da Diretoria de Abastecimento de Bertioga que, subitamente, fechou as portas de seu estabelecimento, o Comilão, no Rio da Praia, frequentado por turistas e moradores da cidade.

“Realmente eu fiquei muito chocada, sabe? Chorei muito. Sem saber o que fazer. A pessoa vem fazer uma coisa com você sendo que você está correta. Eu tenho esse trailer faz 27 anos e nunca aconteceu nada assim parecido, sabe? Sempre procurei andar certinha”, afirma Alba. “Fiquei muito triste, envergonhada. Porque todo mundo vê o comércio fechado”, confessou a corredora.

O fechamento, alega ela, se deu “sem motivo plausível”. “Antes de eu ir competir no Chile, eu fui buscar minha carteirinha de ambulante, e não estava pronta. Aí, viajei. Quando eu voltei, simplesmente, só por isso. Estava tudo quitado, documentação de exames médicos, mas a carteirinha não estava pronta”.

Questionada, a gestão municipal de Bertioga disse, em nota, que agiu dentro da legalidade e que, durante a fiscalização, Alba alegou que não tinha o documento. “Na ocasião, a permissionária afirmou não haver a posse da carteirinha”.

Antes de fechar o estabelecimento, acrescentou a prefeitura, o prazo foi estendido por três vezes e houve chamamento no Boletim Oficial da cidade. “A permissionária tinha até o dia 31/03/22 para renovar a carteirinha e não o fez. Diante disso, o estabelecimento não poderia estar aberto”, argumentou.

Alba, por seu turno, além de afirmar que a carteirinha não estava pronta, argumenta que a ausência do documento é passível de notificação, mas não de fechamento do estabelecimento. “Só fecham comércio quando encontram produtos estragados, e o meu não era o caso. Pago minha licença e agora vem e fecham meu estabelecimento”.

No último domingo (8), Alba fez uma denúncia nas redes sociais. Rapidamente, a denúncia mobilizou moradores da Bertioga que se indignaram e parece que chegou às autoridades.

Depois disso,ela foi autorizada a reabrir nesta segunda (9), mesmo sem a carteirinha que ensejou o fechamento. O documento foi entregue a ela também na segunda, pouco depois da reabertura.

Apesar da reabertura, Alba afirma que o sentimento de humilhação e o prejuízo financeiro não se desvanecem com o subir das portas após dois dias de fechamento. 

“Todo mundo dizendo, ‘Nossa! Até o trailer da dona Alba tá fechado’. Perdi dois dias de trabalho em pleno fim de semana, com funcionários para pagar e mercadorias. Dois dias fechados é muito prejuízo. Esse é o reconhecimento que tenho por representar nossa cidade por todos os cantos do mundo”, protestou a atleta comerciante.

Leia os destaques jornalísticos do dia ➥ https://bit.ly/CNgooglenoticias