Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos: um deleite para os olhos

Em meio à fila de prédios da orla de Santos, no Boqueirão, o Casarão Branco é um convite para uma volta à Santos do início do século XX

Fernanda Mello
Publicado em 28/01/2019, às 13h41 - Atualizado em 22/12/2020, às 16h43

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Vagner Dantas
Vagner Dantas

Imagem acervo site

Se precisar de um motivo para justificar uma visita à Pinacoteca Benedicto Calixto,  as três décadas do espaço são um forte argumento para isso. Há exposições, um gosto café bistrô, jardim e a consagrada obra de Calixto para ser conhecida ou revisitada.

Com uma trajetória própria, o imóvel, em estilo art noveaux, foi construído pelo alemão C. Anton Dick para residência, em 1900, e lembra, ainda hoje, a era de ouro do café, quando famílias abastadas devido à renda da exportação cafeeira ocupavam a orla da praia para residir, o que era novidade à época. 

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O acervo da Pinacoteca compõe-se de 227 telas, das quais 127 de Armando Sendin, e mais 51 cerâmicas de sua autoria; 62 telas de Benedicto Calixto, além de obras de outros artistas. O conjunto possui objetos pessoais e profissionais de Armando Sendin e Benedicto Calixto (caixa de tintas, pincéis e fotografias).

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Atualmente, apresenta a exposição de longa duração, inaugurada em 1992, composta por 62 obras de Calixto, intitulada De cada janela..., que apresenta as várias temáticas exploradas pelo pintor ao longo de sua trajetória, além de exposições temporárias de consagrados artistas nacionais e internacionais, bem como eventos musicais, literários, teatrais e promoção de cursos, palestras e encontros voltados à arte.

Pincelada de Calixto 

Um artista da região que se tornou um dos maiores nomes da pintura brasileira do início do século XX. Esta é apenas uma das definições atribuídas a Benedicto Calixto de Jesus, nascido em 1853, em Itanhaém. Autodidata, começou a pintar na infância. O trabalho de pintura na parte interna do Teatro Guarany, em Santos, rendeu-lhe bolsa de estudos em Paris, onde se aprimorou e realizou exposições com sucesso.

Pintou marinhas, retratos, paisagens rurais, urbanas e obras religiosas. Deu à nossa região uma contribuição histórica valiosa ao reconstituir com pinceladas momentos importantes, como as fundações de Santos e de São Vicente. Ele pesquisava profundamente para que a cena fosse a mais fiel possível, o que o tornou exímio historiador e escritor, além de fotógrafo. Foi o primeiro no país a pintar a partir de imagens registradas em foto. Também registrou momentos da região, que crescia impulsionada pelo porto de Santos. Por meio de suas obras conhece-se o litoral paulista no início do século XX. Calixto viveu em Santos, São Paulo e em São Vicente. Nesta última cidade, construiu uma casa e um ateliê onde residiu e trabalhou durante os últimos 30 anos de vida.

Durante toda a sua trajetória, Benedicto Calixto produziu aproximadamente 1.700 obras, das quais 712 são catalogadas. Faleceu de infarto, no dia 31 de maio de 1927, em São Paulo, na casa de seu filho Sizenando, para onde tinha ido com a intenção de comprar material para terminar duas telas para a Catedral de Santos. Foi enterrado no cemitério do Paquetá, em jazigo perpétuo doado pela prefeitura de Santos. Ainda hoje a Pinacoteca busca novas obras de Calixto, para ampliar sua coleção, seja por doações ou aquisição, além de restaurar obras já existentes.

Gostou e quer visitar?

A Pinacoteca Benedicto Calixto fica na avenida Bartolomeu de Gusmão, 15, no Boqueirão, em Santos. Funciona de terça-feira a domingo, das 9h às 18 hora, com entrada gratuita. 

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