Ponto turístico conserva valioso acervo e ainda tem curso de mergulho
Uma visita ao Museu Marítimo de Santos, nos coloca frente a verdadeiros “tesouros” que jaziam no fundo do mar, e que nos contam histórias de aventuras, guerras e conquistas. E mais! Ainda é possível fazer um curso de mergulho.
Então vamos ao passeio: a decoração criativa contempla lemes, quadros, boias, louças, garrafas, peças diversas e até partes de embarcações. É a chamada arqueologia subaquática, graças a qual, os estudiosos podem reconstruir fatos acontecidos há muito tempo. No caso do Museu Marítimo, a até 300 anos.
Antigos equipamentos de mergulho como o escafandro, uma composição de roupa, botas e capacete feitos de metais pesados para manter o mergulhador no fundo do mar, também podem ser vistos no museu.
O piso superior é dedicado à história da navegação em todo o mundo. O salão exibe modelos, maquetes e miniaturas de navios e embarcações que remontam ao século X, como por exemplo, um barco Viking. Uma preciosidade é a rara coleção de livros e manuscritos, entre os quais um diário, de 1039, de um tripulante do navio-escola alemão Gorch Fock. O acervo conta com a 1ª edição do livro A Marinha D’Outr’ora, de 1895, escrito por Afonso Celso de Assis de Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, fiel servidor do imperador D. Pedro II.
Há peças comemorativas de importantes eventos da história do Brasil, como exemplares de pratos do 4º Centenário da Descoberta do Brasil e louças da nossa Marinha, datadas de 1910. Uma estante expõe miniaturas de navios da 2ª Guerra Mundial e até do dirigível Zeppelin, uma das primeiras aeronaves da aviação comercial, que atravessou o Oceano Atlântico, em 1935, em direção à América.
Entre as fascinantes histórias reconstituídas pelo Museu Marítimo está a de um navio pirata francês que afundou em 1718, ao tentar saquear um navio mercante, também de bandeira francesa. Além do saque, a embarcação pretendia invadir a Vila de Cotinga, em Paranaguá. O navio pirata naufragou antes de atingir este objetivo, devido a um forte temporal, mas que no imaginário dos moradores da ilha passou à história como sendo um milagre de Maria Santíssima Senhora do Rosário, que atendeu às preces dos assustados fiéis. Conta-se, também, que piratas sobreviventes garantiram que o navio estava carregado de moedas de ouro e prata.
Outra história a ser conferida data de tempos mais recentes, 1939, quando o navio alemão Windhuk chegou ao Porto de Santos com centenas de refugiados da 2ª Grande Guerra Mundial. Como o Brasil não mantinha relações amistosas com a Alemanha, o comandante ordenou a substituição do nome original existente no casco da embarcação para Santos Maru e a troca de sua bandeira por uma japonesa.
Ao atracar, foi constatado que não havia sequer um japonês a bordo, e que a maioria dos passageiros e tripulantes tinha olhos azuis e falava alemão. Todos foram presos e enviados ao interior de São Paulo.
Entre os mais trágicos e conhecidos acidentes está o do Príncipe das Astúrias, considerado o Titanic brasileiro, ou seja, o maior acidente marítimo do país. Seu naufrágio, em 1916, na Ponta da Pirabura, parte sul de Ilhabela, ocasionou a morte de 477 pessoas. Utensílios de cozinha, como garfos e colheres, garrafas e luminárias, recuperados de seus destroços, também se encontram em exposição no museu.
O Museu Marítimo oferece curso de mergulho com aulas práticas realizadas diretamente nos destroços de alguns dos navios naufragados. Destina-se a pessoas a partir de 15 anos de idade, tem uma semana de duração, primeiro com aulas teóricas e em piscina e, depois, em mar aberto, geralmente em Ilhabela. O certificado internacional é concedido pela CMAS (Confederação Mundial de Atividades Subaquáticas), e permite o mergulho em qualquer lugar do mundo.
O Museu Marítimo fica à avenida Governador Fernando Costa, 343, na Ponta da Praia, em Santos, a 50 metros do Museu do Mar. Funciona diariamente, menos às terças-feiras, das 9 às 18 horas, com entrada a R$ 25,00. Outras informações: (13) 3261 4808.
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