O HOMEM POR TRÁS DO ÍDOLO

Chorão, do Charlie Brown Jr: a história por trás da lenda

Após o documentário Chorão Marginal Alado, volta à superfície a história de um dos mais controversos, carismáticos e talentosos ídolos do mainstream musical brasileiro, o Chorão.

Antônio Pereira
Publicado em 26/04/2021, às 15h46 - Atualizado em 23/11/2021, às 13h19

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Chorão aos 19 anos, em 1989, antes do sucesso. Infância e adolescência difíceis Chorão Jovem - Imagem: Reprodução / Youtube
Chorão aos 19 anos, em 1989, antes do sucesso. Infância e adolescência difíceis Chorão Jovem - Imagem: Reprodução / Youtube

O vocalista e líder do grupo santista de Rock, Charlie Brown Jr, Chorão, foi definido pelo crítico musical André Barcinski como o mais próximo que rock brasileiro teve de um ‘herói punk’.

Amor por Santos

Chorão não nasceu em Santos, foi para a cidade durante a adolescência. Mesmo assim não deixava de declarar seu amor pela cidade. Além das confusões, do skate e dos perrengues, foi em Santos que Chorão teve sua formação musical se relacionando com bandas do rock underground da cidade. Até que, em 1991, que ele começou sua carreira musical de forma inesperada ao cantar, bêbado, num bar da cidade, junto de uma banda que não era a dele.

 A ousadia rendeu a Chorão uma entrevista com uma outra banda que viu a apresentação e que precisava de um vocalista urgentemente. Dias depois ele era o vocalista da banda What’s Up, que seria o trampolim paro Charlie Brown Jr. Nessa banda ele também conheceu o Champignon, que, anos depois, seria o baixista da banda que os alçou ao estrelato.

Quando Chorão morreu em 2013, vítima de uma overdose de cocaína, a prefeitura da cidade de Santos decretou luto oficial de três dias pelo falecimento do artista. Em 7 de março de 2013, a câmara de vereadores da cidade prestou uma homenagem a Chorão em uma sessão que contou com "um minuto de silêncio".

https://www.youtube.com/watch?v=-uC34VEFmMg

Infância e Adolescência de Chorão Marginal Alado

Principal compositor e líder do Charlie Brown Jr, Alexandre Magno Abrão teve uma infância e adolescência pobre, dura e problemática. Filho de Nilda Abrão, uma guerreira que o criou trabalhando como doméstica. Nilda também fazia pastéis e cozinhava para fora. Chorão, seu filho, fazia as entregas.

Chorão aos 19 anos, em 1989, antes do sucesso. Infância e adolescência difíceis Chorão Jovem (Imagem: Reprodução / Youtube)

Na infância Chorão ia mal na escola, vivia na rua e parou de estudar na sétima série. O próprio artista, numa entrevista, relatou a humilhação que passou quando, pela primeira vez numa escola particular que seu pai não conseguia pagar, decidido a estudar seriamente, foi impedido de fazer uma prova, pois sua mensalidade estava atrasada. Nunca mais pisou numa escola.

Os pais de Chorão se separaram quando ele tinha 11 anos de idade. Aos 14 quase perdeu a mãe, vítima de um derrame. Nessa mesma época, Chorão deixou de ir à escola e começou a andar de skate, esporte que foi uma de suas paixões ao longo de toda sua curta vida. Chegou a competir.

Início da Vida Adulta e a Virada

No início da vida adulta, só enfrentou dureza. Era briguento, desbocado, com um senso de justiça implacável. Nascido em 1970, tornou-se pai aos 20 anos, no início da década de 1990, decênio da grande virada em sua vida. Porém, antes de andar de limousine, pegou muito trem.

Chorão com o filho, no início dos anos 1990 Chorão (Imagem: Reprodução)

Trabalhou de corretor de imóveis com o pai, que o demitia num dia e o recebia de volta no outro. Foi vendedor de cartões de Natal, num empreendimento também de seu pai, que fracassou.

Banda Charlie Brown Jr

Cerca de dois anos depois de entrar na banda What 's Up, em 1992, Chorão e o baixista Champignon convidaram o baterista Renato Pelado para tocar com eles. Pouco tempo depois, Marcão e Thiago Castanho entraram, completando a primeira formação de integrantes do Charlie Brown Jr, nome criado por Chorão.

Por volta de 1993 do grupo começou a se apresentar no circuito de rock underground da cidade, se apresentando sobretudo em eventos de skate em Santos e em São Paulo

Nessa época, uma fita demo da banda chegou às mãos do produtor Rick Bonadio, então presidente da Virgin Records. O produtor gostou do som e fez um contrato com a banda. Da fita demo, contendo três faixas, o Charlie Brown Jr lançou o primeiro álbum  Transpiração Contínua Prolongada.

O álbum, com músicas como “O Coro Vai Comê" e “Proibida Pra Mim (Grazon)”  teve uma excelente recepção, vendendo mais de 500 mil cópias. A partir daí, o Charlie Brown Jr é uma banda com projeção nacional

Ao longo dos anos 1990 e 2000, a banda, sempre com Chorão no vocal do Charlie Brown Jr,  lançou uma série de músicas que marcaram a infância e adolescência de uma geração, com hits como ‘’Somos Poucos Mas Somos Loucos”, de 2002 e  “Tamo aí na Atividade”, de 2004. 

Morte de Chorão

Na madrugada de 6 de março de 2013,  Chorão foi encontrado morto em seu apartamento em São Paulo por seu motorista, Kleber Atalla. De acordo com o laudo necroscópico do IML, a morte de Chorão ocorreu por uma overdose de cocaína. Segundo o delegado que investigou o óbito, Chorão vivia uma depressão em função da separação de sua esposa, a estilista Graziela Gonçalves.

No início da tarde daquele dia, a hashtag #LUTOCHORÃO permaneceu por horas nos trending topics mundiais, que são os assuntos mais falados na rede social twitter.  Chorão morreu aos 42 anos.  

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