Organizações e governo se unem na reestruturação pós-tragédia; governo estadual libera R$203 mi em crédito e FunBEA arrecada R$100 mil para apoio social
O dia 19 de fevereiro de 2023 foi marcado por desespero e desamparo, para muitos moradores de São Sebastião e regiões vizinhas. Os 640mm de chuvas, em apenas 24h, causaram alagamentos, deslizamentos de terra, mortes e deixaram centenas de famílias desabrigadas. Um ano após a tragédia, o litoral norte busca se reerguer com a ajuda de iniciativas governamentais e de organizações sociais.
O governo estadual de São Paulo disponibilizou R$ 203 milhões, em linhas de crédito emergencial, enquanto o Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA), com um aporte de R$ 100 mil arrecadado, irá repassar a verba às organizações sociais e movimentos da sociedade civil.
O FunBEA conduziu a campanha 'Quanto Vale: pela Reparação, Restauração e Regeneração Socioambiental do Litoral Norte de São Paulo', arrecadando fundos para ajudar os moradores atingidos pela tragédia. Dentre os movimentos contemplados estão a Amovila, o Movimento União dos Atingidos e a Escola E. Profª Semíramis Prado de Oliveira.
A secretária executiva do FunBEA, Semíramis Biasoli, ressalta a importância de fortalecer os coletivos e movimentos locais, para promover a transformação e implementar políticas socioambientais e territoriais. “Os coletivos precisam ser reconhecidos como esse espaço de luta, esse espaço de resistência e de regeneração do que aconteceu no litoral norte”, afirma.
Frente governamental com linhas de crédito emergencial
Enquanto as organizações sociais trabalham na reconstrução socioambiental, o governo estadual de São Paulo implementou medidas para socorrer trabalhadores e comerciantes afetados. O Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) disponibilizou R$ 3 milhões para produtores rurais e pescadores, beneficiando cerca de 60 famílias.
O pescador Rodrigo Santos, cujos barcos foram danificados pelas enchentes, reconstruiu sua fonte de sustento com o auxílio do Feap. “A ajuda do governo foi muito boa. Eu consegui comprar as coisas para recomeçar. Você acaba reconstruindo o seu sonho e tendo ele de volta. Estou começando tudo do zero de novo, mas é a luta”, diz.
Linhas de crédito emergenciais também foram oferecidas pela Desenvolve SP, agência de fomento ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que liberou R$ 200 milhões para comerciantes. Empresários, como Tiago Couto, proprietário de uma pizzaria, conseguiram manter seus negócios abertos e reconstruir após a tragédia. “Foi uma catástrofe, houve uma debandada da cidade. O movimento caiu, mas as contas nunca pararam de chegar. O objetivo era saldar as dívidas e continuar tocando o serviço. Foi assim que a gente sobreviveu”, relembra.
Dentre outras iniciativas governamentais, na região, estão a construção de mais de 700 unidades habitacionais nos bairros de Maresias e Baleia Verde, representando um investimento de R$ 260 milhões.
Rebeca Freitas
Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)