2016

Matéria-prima para o ecoturista

Muito além das praias, a cidade possui uma das maiores bacias hidrográficas do litoral paulista, composta pelos rios Itapanhaú, Itaguaré e Guaratuba, um tesouro natural.

Da Redação
Publicado em 07/03/2019, às 08h10 - Atualizado em 26/08/2020, às 22h05

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JCN
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Engana-se quem pensa que Bertioga resume-se a seus 33 quilômetros de praias. Dona de uma das maiores bacias hidrográficas do litoral paulista, é nas águas doces de seus rios que a cidade guarda seu maior tesouro natural. Itapanhaú, Itaguaré e Guaratuba são os três principais. Itatinga e Jaguareguava, que deságuam no próprio Itapanhaú, completam um patrimônio hídrico abundante, guardado pelas paredes verdes da Mata Atlântica. No interior dessas áreas preservadas, que somam mais de 90% do seu território, escondem-se trilhas, mangues, cachoeiras, fauna e flora nativas e infinitas possibilidades de lazer, conhecimento e aventura.

Imagem acervo site

Com cenários perfeitos para o ecoturismo, o município tem tudo para se tornar referência neste segmento, que vem crescendo a passos largos no Brasil, graças à grande variedade de paisagens naturais que o país oferece. Ainda assim, é preciso investimento. O próprio prefeito Mauro Orlandini admite que não basta para a cidade ter atrativos naturais se não houver formatação de produtos e infraestrutura para atender o turista. Talvez isso explique o porquê da baixa procura por passeios ecológicos em Bertioga. Poucas agências locais investem no receptivo e criam pacotes e atrações para atrair quem busca esse tipo de programa. Quem se arrisca, no entanto, acredita que vale a pena e comemora o recente aquecimento do mercado. Bruno D´Angelo, da Viabiliza Viagens, afirma que, da metade do ano passado para cá, a procura pelos roteiros aumentou significativamente. “Recebo até quatro pedidos de informações por dia. Os passeios mais procurados são a trilha de Guaratuba e a vivência na Aldeia Indígena, mas as saídas de barco que percorrem os rios Itapanhaú e Jaguareguava também são bastante solicitadas”, revela. 

Para agregar valor ao passeio pela trilha, Bruno criou um atrativo extra para o roteiro de Guaratuba, que agora inclui degustação de ostras e um almoço tipicamente caiçara próximo à praia de Itaguaré. “Como terminávamos a caminhada perto do meio-dia, achei que seria interessante acrescentar essa parada, que é opcional, antes de todos se despedirem. Enquanto os pratos vão sendo preparados, fazemos um pequeno passeio até Itaguaré e ainda temos tempo para compartilhar as experiências vividas naquele dia”.  

Trilhas, só com guias 

Imagem acervo site

Bertioga conta, atualmente, com duas trilhas regulamentadas: a trilha D´Água e a de Guaratuba. Por pertencerem a áreas ambientalmente protegidas, sua visitação só pode ser realizada por agências ou monitores credenciados, e com autorização prévia da Fundação Florestal, órgão vinculado ao governo estadual, responsável pela gerência do Parque Estadual Restinga de Bertioga (Perb). De acordo com a prefeitura, há um plano emergencial de uso público em fase de criação em conjunto com o Conselho Consultivo da Unidade de Conservação, para regulamentar medidas que diminuam o impacto dos visitantes nesses locais, ao mesmo tempo em que atenda à demanda turística da cidade.

 Outras três trilhas fazem parte deste estudo e também devem ser liberadas para visitação: Itaguaré, com 1.140 metros e tempo médio de percurso de uma hora, ida e volta; Itaguaré 2, com 220 metros de extensão e 15 minutos de percurso; e Bracaiá, com 3 mil metros e percurso de cinco horas. O diretor municipal de Turismo Rodrigo Guerreiro explica: “Quando consolidarmos o trabalho de estruturação e divulgação dessas trilhas, Bertioga terá condições de se afirmar como um dos melhores destinos de ecoturismo do país”. Ele vê nessa riqueza natural, farta e diversificada, o grande diferencial da cidade em relação aos demais municípios da Baixada Santista e até do litoral norte. “Porém, para que todo esse potencial possa, efetivamente, transformar-se em um produto, é necessário que o poder público apoie as ações da iniciativa privada, do trade turístico local, que é quem, de fato, vai comercializar e criar uma demanda para isso. Esse é nosso dever de casa, é o que temos procurado fazer”.

Prepare-se para a caminhada

Vista roupas leves, calce um tênis confortável e não se esqueça do protetor solar e do repelente de insetos. Na mochila, uma troca de roupa, toalha, um lanche leve e um cantil de água. Pronto? Prepare-se para uma aventura repleta de conhecimento e emoldurada por paisagens naturais deslumbrantes. Tanto a Trilha D´Água quanto a Trilha de Guaratuba  apresentam nível médio de dificuldade, o que significa que a atividade terá mais de uma hora de duração e que haverá trechos com alguma inclinação, tanto subidas quanto descidas. 

Imagem acervo site

A Trilha de Guaratuba tem acesso pela rodovia Rio-Santos, loteamento Costa do Sol, no portal do Parque Estadual Restinga de Bertioga. Com pouco mais de quatro quilômetros de extensão, o trajeto alterna terrenos arenosos, pedregosos, terra argilosa e leito de rio e pode ser concluído em cinco horas. A caminhada é feita pela Mata Atlântica, em meio à flora e fauna nativas, pela qual é possível observar a mata paludosa e floresta de encosta. O percurso passa por área de charco, rodeada de árvores de médio e grande portes, e pelo  ribeirão Perequê-Mirim, no qual a mata é mais fechada e há maior possibilidade de avistar aves, répteis e mamíferos. Ao adentrar a área da Serra do Mar, a dificuldade da trilha aumenta um pouco, até que vem o prêmio pelo esforço: um banho refrescante na cachoeira do Tobogã e em suas piscinas naturais. 

Imagem acervo site

A Trilha D´Água, com entrada pelo bairroRio da Praia, é um pouco mais curta: 2,7 quilômetros, e seu percurso de ida e volta leva, aproximadamente, três horas. Ela tem um aspecto mais educativo, pois oferece aos visitantes a oportunidade de conhecer o  processo de mudança da vegetação de Mata Atlântica preservada e, com ela, uma grande diversidade da flora e fauna locais e a notável variedade de flores e colorações. Seu trajeto começa em uma caminhada por trilha seca no meio do Parque Estadual Restinga de Bertioga (Perb) e é complementado com um passeio de barco pelo rio Itapanhaú e passagem pela linha do bondinho da Usina Itatinga e ponte de ferro do rio Guaranduva. Também no final desse passeio, os caminhantes podem se refrescar, mergulhando em um poço natural de águas cristalinas.  

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