FOLHAS SECAS

O outono finalmente chegou; veja como ele será no litoral de SP

Depois de uma primavera e um verão com El Niño, outono de 2024 promete ser de “La Nada”, segundo o climatologista Rodolfo Bonafim

Esther Zancan
Publicado em 20/03/2024, às 06h00

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Calor deve demorar a se dissipar no litoral de SP,  neste início de outono - Raphael Campos/CN
Calor deve demorar a se dissipar no litoral de SP, neste início de outono - Raphael Campos/CN

Há tempos um outono não era tão aguardado. Depois de uma primavera e um verão sob a égide do fenômeno El Niño,  que causou diversas ondas de calor pelo Brasil, o outono começou oficialmente às 00h06 desta quarta-feira, 20 de março. Mas o que será que a nova estação trará para o litoral de São Paulo?

O Portal Costa Norte conversou com o climatologista Rodolfo Bonafim, da ONG Amigos da Água, de Santos, e do canal Geoastrodicas. E, se o El Niño tem sido o grande “vilão”, nos últimos meses, a boa notícia é que o outono será de “La Nada”, como brincou Bonafim. Isso quer dizer que as águas do oceano Pacífico, próximas à linha do Equador, estarão em neutralidade, nem quentes, o que configura o El Niño, nem frias, o que caracteriza o fenômeno La Niña.

Isso não quer dizer que ondas de calor deixem de  acontecer. Bonafim lembrou que o inverno de 2023, por exemplo, teve temperaturas acima da média não por causa do El Niño, mas sim graças  às mudanças climáticas. O El Niño se configurou, de fato, apenas na primavera. 

Quando as águas do Pacífico estão em neutralidade, a verdade é que tudo pode acontecer, desde calor até um inverno com temperaturas mais baixas do que o normal. Previsões indicam que o La Niña pode se configurar na primavera; daí sim, fará com que ondas de calor sejam mais difíceis de surgir, mas não impossíveis, por causa das mudanças climáticas.

Outono à beira-mar

O climatologista prevê que o outono no litoral paulista deve ter temperaturas acima da média, em seu início, como ele explica: “O calor do verão vai se dissipando aos poucos, tal como uma panela de pressão muito quente, que a gente coloca em cima de uma pia com água fria. O outono, em nossa região, guarda um calor residual do verão, até o começo de maio”. 

Ilhabela com árvores com folhas secas
Dias de outono constumam ser de uma beleza ímpar - Raphael Campos/CN

Já quando o assunto é chuva, o litoral de São Paulo deve ter precipitações dentro da média ou  um pouquinho abaixo da média, até o início de junho. A atmosfera fica mais limpa e mais seca, como é característica do outono. As madrugadas também devem começar a ser mais frias, o que é uma excelente notícia para quem não aguenta mais dormir com o barulho do ventilador nos ouvidos.

Bonafim lembrou que, historicamente, a partir da segunda quinzena de abril, devem começar a chegar as frentes frias mais fortes.  A possibilidade de ressacas e ventos fortes também começa a aumentar no outono,  já que a passagem de ciclones extratropicais são mais comuns entre o outono e o inverno brasileiros. 

A previsão é de que os dois primeiros dias da nova estação ainda sejam típicos de verão, com altas temperaturas. Mas uma frente fria, que deve chegar no fim desta semana, vai derrubar as temperaturas. Bonafim disse que não vai fazer frio, mas, em comparação com as temperaturas que vêm sendo observadas, a queda vai ser considerável. Ah, não há previsão, por enquanto, da volta do calor intenso. Ufa!

Outro fato que o climatologista lembrou é que existem dois outonos: o meteorológico e o astronômico. O que começou nesta madrugada foi o astronômico. Por mais incrível que pareça, em meio a esse calorão todo, o outono meteorológico teve início no começo de março e segue até o começo de junho. Neste 20 de março, acontece o equinócio de outono,  quando a duração do dia é igual a da noite. A partir de agora, os dias começam a ficar mais curtos e as noites mais longas. O inverno de 2024 começa às 17h51, do dia 20 de junho. 

Esther Zancan

Esther Zancan

Formada pela Universidade Santa Cecília, Santos (SP). Possui experiência como redatora em diversas mídias e em assessoria de imprensa.

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