12 MESES DE SOFRIMENTO

“Uma angústia inexplicável”, diz filha de idoso desaparecido há um ano no dia do próprio aniversário

Aposentado do litoral paulista sumiu em 2022 no dia em que completava 73 anos. Filha diz que nenhuma pista surgiu de lá pra cá

Da redação
Publicado em 09/05/2023, às 13h00 - Atualizado em 10/05/2023, às 08h28

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Cartaz divulgado pela família, que mobiliza esforços na busca pelo idoso Procura-se - “Remédios ficaram em casa”, diz filha de idoso desaparecido no litoral de SP no dia do próprio aniversário Cartaz de desaparecido procurado com fotos de idoso - Imagem: Reprodução / Acervo Familiar
Cartaz divulgado pela família, que mobiliza esforços na busca pelo idoso Procura-se - “Remédios ficaram em casa”, diz filha de idoso desaparecido no litoral de SP no dia do próprio aniversário Cartaz de desaparecido procurado com fotos de idoso - Imagem: Reprodução / Acervo Familiar

Após um ano de procura por seu pai, o aposentado Francisco Déo, desaparecido em 2022 no dia do próprio aniversário, a administradora Elaine Déo disse que nenhuma pista surgiu e, apesar da angústia constante, ela tem esperanças de encontrá-lo.

“Penso nele todos os dias. É um sentimento bem ruim não saber o paradeiro do meu pai. É inexplicável, sabe? Ultrapassa até o sentimento de luto, mas eu tenho esperanças. Enquanto a gente não tem notícias, a gente tem esperança, sim”, disse Elaine em entrevista ao Portal Costa Norte nesta terça (9).

Na manhã de 27 de abril de 2022, Francisco Deó, que então completava 73 anos, saiu de sua casa na Chácara das Tâmaras perto da região central de Itanhaém e foi até uma loja a menos de 1 km de sua residência para uma compra rápida. Casado e pai de duas filhas, o idoso não voltou para casa. Ele foi visto pela última vez na loja onde é cliente conhecido. Um ano depois, esta continua sendo a última pista certa do idoso.

À época, parentes disseram à reportagem que semanas antes Francisco havia sido diagnosticado com Alzheimer, doença neurodegenerativa que provoca desorientação e perda de memória, dentre outros sintomas.

 “A gente continua lutando de todas as formas, através de panfletos, de buscas mesmo, com carro, até carro de som a gente já colocou pra rodar nos bairros que a gente imagina que ele tenha ido”, disse Elaine dias após o desaparecimento.

Cartaz divulgado pela família, que mobiliza esforços na busca pelo idoso Procura-se - “Remédios ficaram em casa”, diz filha de idoso desaparecido no litoral de SP no dia do próprio aniversário Cartaz de desaparecido procurado com fotos de idoso (Imagem: Reprodução / Acervo Familiar)

Mais de 12 meses depois e sem novas informações, Elaine acredita que o desaparecimento do pai possa estar relacionado à doença. “Eu acho que ele pode ter sido acolhido, não se recordou mais como voltar pra casa, deu um branco, e foi acolhido por alguma instituição. Eu imagino isso”, explica.

Segundo ela, uma investigação policial aberta em Itanhaém tentou uma quebra de sigilo telefônico de Francisco, mas não trouxe resultados. “Ele usava telefone, mas estava um pouco confuso. O último registro que tinha era de um dia antes do desaparecimento dele. Não tinha nada”.

Questionada sobre a investigação, a Secretaria de Segurança Pública disse que, além da quebra do sigilo telefônico, a Polícia Civil também realizou diligências em outras cidades com objetivo de encontrar Francisco. "Todas as denúncias e informações sobre seu paradeiro que chegaram até a Polícia Civil foram checadas. As investigações continuam pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Itanhaém", disse a SSP por meio de nota.

Aflita com a possibilidade do pai desmemoriado e desamparado, Elaine disse que se apega às boas memórias dele. “Ele é um pai maravilhoso. A gente tinha uma relação excelente. Muito próximos, de estar em casa dia sim e dia não. De ligar todo dia. Perguntava como é que estava. A minha irmã, que mora em São Paulo, ’ah, você vai descer’’ e minha irmã descia”, relembra.

Imagens recentes de Francisco Deó, desaparecido há uma semana “Remédios ficaram em casa”, diz filha de idoso desaparecido no litoral de SP no dia do próprio aniversário Fotos de idoso (Imagem: Reprodução / Acervo Familiar)

Moradora de Itanhaém, a administradora disse que o sumiço do pai é um trauma familiar. “É uma coisa que a gente não supera. Você segue com fé em Deus, mas a gente não supera. As pessoas acham que você vai melhorando, mas conforme vai passando o tempo você começa a ficar mais angustiada. A minha mãe, a minha irmã, a gente vai vivendo, arrasados todos”.

“Se eu pudesse dizer algo a ele”, conclui ela, “diria, pai, volta pra casa, onde quer que o senhor esteja, porque nós te amamos”.

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