Pescadores ficaram proibidos por três meses, durante o defeso; período protege a reprodução e garante a sustentabilidade do ecossistema marinho
Além de manter viva a tradição caiçara, a pesca artesanal é uma importante fonte de renda para a comunidade pesqueira e fomenta a economia local, com a venda de peixes frescos. Uma rotina que começa antes mesmo de o sol nascer e se estende até o início da noite, de segunda-feira a sábado. E para garantir que haja a reprodução e condições de continuidade da pesca, é preciso preservar o ecossistema marinho.
Na quarta-feira (30), chegou ao fim o período de defeso do camarão. De 28 de janeiro a 30 de abril deste ano, a pesca do crustáceo ficou proibida devido à necessidade de procriação e manutenção da cadeia produtiva. A expectativa do setor pesqueiro é de que haja crescimento de 70% nas vendas, com a abertura da temporada de pesca.
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Luiz Antonio de Assis é pescador há 40 anos e explica que a rotina é corrida. “O horário de saída é às três da manhã e trabalha o dia todo até às sete horas da noite. A cada dois dias entramos pra descarregar o camarão e é assim de segunda a sábado, quando o tempo deixa. Agora, nesse período, temos que trabalhar bastante. O camarão é nossa principal geração de renda e a procura aumenta bastante. Sem contar a geração de empregos para as mulheres que limpam o camarão pra nós”.
Filho de pescador, o servidor público, Antônio Cortez do Espírito Santo, conhecido como Baguinha, ressalta que os pescadores artesanais encontram grandes dificuldades e precisam competir com barcos profissionais. “A pesca, para a gente que vive aqui, é difícil. São várias coisas que vêm, como o meio ambiente. Um monte de coisa que interfere na vida do pescador. Mas, o pessoal continua, mesmo enfrentando as dificuldades”.
Para Assis, a dificuldade está em passar a tradição para a nova geração. “A falta de interesse das novas gerações, porque as leis da pesca se tornaram bem rigorosas e nem todos querem seguir esse caminho. É muito sofrido”.
Em Caraguatatuba, no litoral norte, a cerimônia 'Barcos ao Mar', realizada no domingo (28), é também uma preparação para a Festa do Camarão, marcada para os dias 12 e 21 de julho. “A gente estoca camarão para esse período. As vendas aumentam e, se sobrar, a gente limpa e descabeça para venda”, revela Luiz Antonio de Assis.
A partir desta quarta-feira (1º), os pescadores estão autorizados a retomar a pesca de camarão das espécies sete-barbas; rosa; branco; santana ou vermelho e barba-ruça.
Estéfani Braz
Formada em Comunicação Social na Faculdades Integradas Teresa D'Ávila