DESAFIO

Entenda como será construído o túnel Santos-Guarujá por baixo do mar

Módulos de concreto pré-moldados serão construídos fora da água, antes de serem colocados na interligação da megaestrutura, no fundo do leito oceânico

Redação
Publicado em 17/03/2024, às 08h40 - Atualizado às 09h43

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Túnel  ligará as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, ao bairro Vicente de Carvalho, em Guarujá - Divulgação/Vou de Túnel
Túnel ligará as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, ao bairro Vicente de Carvalho, em Guarujá - Divulgação/Vou de Túnel

O projeto para a construção de uma ligação seca, entre as cidades de Santos e Guarujá, prevê a construção de um túnel de 870 metros de extensão, instalado embaixo do mar. Com profundidade de 21 metros, este será o primeiro túnel da América Latina, com tal engenharia. Atualmente, a ligação ocorre por meio de balsa e por cerca de 40km de rodovia.

A estrutura será composta por seis módulos de concreto pré-moldados, construídos em uma doca seca. Em seguida, os módulos serão “mergulhados” na água, para o teste de vedação e impermeabilidade. A seguir, as partes serão transportadas, por flutuação, até o local no qual o túnel será instalado, no fundo do leito oceânico.

O trecho ligará as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, ao bairro Vicente de Carvalho, em Guarujá. O estudo de mobilidade do projeto concluiu que a localização mais adequada do túnel é no centro do canal, em atendimento às necessidades logísticas da região.

De acordo com o governo de São Pauo, as demandas atuais e futuras de viagens, conectando as áreas de maior geração de tráfego nas duas cidades da Baixada Santista, balizaram a formatação da proposta para a ligação seca. O empreendimento ainda permitirá a integração dos sistemas de transportes públicos na região. Além da passagem de veículos, o túnel contará com uma área de circulação para ciclistas e pedestres, instalada entre as seis vias de pista – três faixas por sentido, uma delas adaptável ao VLT (veículo leve sobre trilhos).

Confira as etapas da construção:

  • 1- Preparação do solo: a primeira etapa é a preparação do fundo do canal no qual o túnel será instalado. Uma trincheira é cavada no local, para abrigar os módulos que formarão a estrutura. Também serão instaladas placas de concreto na vala, para suportar os elementos de túnel;
  • 2- Construção: os elementos do túnel são peças de concreto construídas em uma doca seca, de preferência próxima ao local do túnel. Os elementos contam com piscinas provisórias no seu interior. Os reservatórios fazem com que a estrutura não afunde na água, em um primeiro momento;
  • 3- Transporte: quando as peças ficam prontas, elas passam por testes de vedação e impermeabilidade. Na sequência, a doca seca é inundada. Por causa das piscinas provisórias, os elementos flutuam para, desta forma, serem transportados por rebocadores para o local do túnel;
  • 4- Posicionamento: os elementos são fixados em pontes flutuantes e posicionados por sistemas eletrônicos, no ponto exato onde devem ser imersos;
  • 5- Submersão: a água presente nas piscinas provisórias do interior dos módulos é bombeada, fazendo submergir lentamente os elementos do túnel. Esse processo é monitorado por sensores;
  • 6- Ligação dos elementos: por meio de guinchos hidráulicos, os elementos são aproximados, até o contato entre eles;
  • 7- Acoplagem: a união final dos módulos de túnel contíguos é feita pela diferença de pressão atmosférica no interior do elemento já posicionado e a pressão que a água exerce no novo elemento;
  • 8- Nivelamento: em uma das extremidades do elemento, são ancorados macacos hidráulicos, que movimentam pinos de aço para nivelar o módulo. Os pinos são soldados e os macacos hidráulicos, retirados. Em seguida, é injetada areia na base, formando uma “cama” para assentar o elemento de túnel.
  • 9- Proteção: por fim, uma camada de pedras é utilizada para recobrir e proteger o túnel contra impactos de embarcações e o enganchamento de âncoras soltas.

Sobre o túnel

Qualificado no Programa de Parcerias de Investimentos do estado de São Paulo (PPI-SP) e integrado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o projeto do túnel imerso prevê investimento total de R$ 5,96 bilhões. Deste total, 86% deverão vir de aporte público dividido igualmente entre o governo de São Paulo e a União, além de participação da iniciativa privada.

A futura parceira privada será responsável pela construção, operação e manutenção do túnel, que vai solucionar um dos maiores gargalos logísticos do país. A ligação entre as duas principais cidades da Baixada Santista  permitirá o tráfego de veículos de passeio, caminhões e transporte público, além de bicicletas e pedestres em vias segregadas. A solução viária também amplia possibilidades de desenvolvimento e expansão do porto de Santos.

O empreendimento é uma demanda centenária da população da Baixada Santista e vai reduzir o tempo de deslocamento entre os dois municípios. Atualmente, mais de 21 mil veículos cruzam diariamente as duas margens, por barcos de pequeno porte (catraias) e as balsas, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.

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